Cláudio Porpino: a unanimidade que o Instagram entregou em Natal em 24 horas

Nas últimas 24 horas, o Instagram entregou uma unanimidade digna de grandes datas como dia das mães, dos pais, das crianças... quando todos os perfis se apresentam a partir de determinado tema.

Quem abriu a rede social em Natal e região, recebeu o que foi distribuído pelo que direcionou o algoritmo. E o que foi entregue foi um conteúdo viralizado e unânime: Claudio Porpino.

A morte do eterno jovem de 59 anos, que nasceu em Fortaleza, mas virou 'síndico de Natal', como afirmou o prefeito Paulinho Freire; se formou em Odontologia mas virou o grande folião de carnavais e carnatais; e que amou do mesmo jeito, esquerdistas e direitistas, abecedistas e americanos, chocou a cidade. Todo mundo com o mesmo sentimento de que 'ainda não era hora'.

Cláudio foi dentista, foi folião, foi deputado, secretário de município, secretário de estado, abecedista. Foi amigo, foi parceiro, foi sócio, foi namorado, foi torcedor, foi apaixonado. Teve grandes paixões, e uma delas, na vida e na política, foi Wilma Maria de Faria. Foi cria dela na vida pública, talvez por isso tenha aprendido que a vida só valia se agregasse, se unisse, se juntasse, e mais do que tudo, se festejasse.

Wilma deve ter recebido Cláudio na porta do Céu, e com o olhar de mãe valente que sempre teve para frear suas intempestividades, deve ter perguntado de pronto: "Cláudio, o que você tá fazendo aqui?" Certeza que ela só deve ter aceitado uma resposta para não lhe mandar de volta: se ele tiver dito que foi ali encontrar Milena, a irmã amada que foi embora ainda muito menina, e que virou a única tristeza que Claudio expressava em seu viver sempre tão cheio de alegria. Alegria que ele não demonstrou nos últimos dias, quando a dor na coluna causada por hérnias de disco chegou a lhe obrigar a 'caminhar' em uma cadeira de rodas. Irrelevante para ele que, independente de como estivesse andando, queria viver.

E nada mais significativo para Cláudio Porpino, do que os nomes dos últimos blocos que criou no pré-carnaval de Natal: 'Se parar eu caio' e "Ômi, tenha calma"

Parou...caiu...

E a  calma... ele não teve quando resolveu seguir o caminho do céu.

E o Caju com Sal? A cara de Claudio, que marcou a vida dele junto ao Carnatal desde o primeiro minuto de sua criação. Caju e Márcia Freire, que puxou o bloco por anos, e mais do que isso, puxou Claudio para sua lista de melhores amigos. No Instagram, a cantora prestou homenagem a Claudio, assim como fez o também baiano Ricardo Chaves.

E se Claudio foi síndico de Natal, pode-se dizer que foi um morador ilustre da Bahia. O sangue de folião dele fervia na terra do axé, onde em muitos carnavais desfilou em cima dos melhores trios e se divertiu nos maiores camarotes.

Essa forma de agregar de Claudio juntava tribos, cidades, estados, partidos políticos. Embora quase sempre filiado e quase sempre posicionado, seu lugar era onde e com quem quisesse estar. O extremismo e a polarização não lhe pegaram. Ele era intenso na vontade de viver e de produzir amigos, e nas redes sociais as homenagens e despedidas vieram de todos os lados, além das notas de pesar de Governo, Prefeitura, Câmara Municipal, Assembleia Legislativa. Da governadora Fátima, do prefeito Paulinho, dos vereadores, dos deputados... E nas despedidas, no Frasqueirão do seu ABC, o jovem menino teimoso que decidiu partir, recebeu Paulinho, o governador em exercício Walter, o ex-senador Garibaldi, o presidente da Câmara Eriko Jácome e outros tantos vereadores, o deputado Tomba representando sua Santa Cruz e sua padroeira Santa Rita de Cássia, a ex-prefeita Micarla de Sousa, a ex-primeira-dama do Estado Anita Maia que também representava o marido José Agripino. Além de uma legião de diferentes da lista de 'melhores amigos' de Claudio composta por...todo mundo.

Porque na vida breve e intensa do meu amigo Popiclete, o apelido exclusivo de 30 anos, só não cabia uma palavra: inimigo.

Viva Claudio Porpino.

Meu abraço para Dona Célia e para Gustavo, o irmão de quem Claudio tinha um orgulho danado.