03/09/2024
Natália engole Paulinho e Rafael em mais um debate sem Carlos Eduardo e onde os dois candidatos pareciam esquecer que querem ser prefeitos, e não governador
Um debate igual ao da Band.
Chato pelo formato igual aos que se fazia em mil novecentos e vôtes, sem a presença do candidato que lidera as mais de 50 pesquisas, e com os participantes batendo nele, pouco tempo depois de estarem perto dele.
Foi assim o debate da 98FM na noite desta segunda-feira (2), sem o ex-prefeito Carlos Eduardo (PSD), e com a presença de Natália Bonavides (PT), Paulinho Freire (União) e Rafael Motta (Avante), e mediação de Felinto Filho.
Como aconteceu na Band, Natália deu de capote nos dois. Botou no bolso de trás e sentou em cima.
Era visível a diferença, não só em desenvoltura, mas principalmente em conteúdo.
Talvez diante da dificuldade de debater com ela sobre temas inerentes à Prefeitura, afinal é ao cargo de prefeito que eles concorrem, Paulinho e Rafael só abordavam, quando se confrontavam com Natália, assuntos relacionados ao governo do Estado.
Mais do que se apresentar como candidatos a prefeito, e discorrer sobre o que poderiam fazer por Natal caso um dia chegassem à Prefeitura, preferiam alfinetar o PT, alfinetar a governadora Fátima Bezerra. Não pareciam candidatos a prefeito. Era visível.
E quando o assunto foi MULHERES....ah, meu amor. Como é difícil um homem falar de mulher sem entrar no contexto de violência ou cargo de poder.
Enquanto Natália discorria sobre as mulheres que não conseguem trabalhar porque não tem como nem aonde deixar os filhos; quando falava de mulheres que não conseguem trabalhar porque são mães atípicas, mães de filhos com deficiência, com autismo ou outro transtorno que necessite do apoio materno em tempo integral, ou de algum programa que acolha esses filhos; quando falava de filhas ou até noras de idosos que também precisam da atenção integral da família, e isso cabe sempre a elas....
Enquanto Natália se posicionava 'sobre isso', Paulinho e Rafael falavam em lei Maria da Penha, em centros de atendimento a mulheres vítimas de violência, e a contratação de mulheres para serem secretárias do Município, cargos beeem distantes das mulheres às quais Natália se referia.
Falta muito para homens falarem sobre mulheres. Porque nem sempre elas são violentadas fisicamente, mas pela falta de atenção do poder público. Muitas querem apenas ser qualquer coisa que lhe renda um dinheiro no fim do mês. Talvez essas mulheres até pensem em ser professoras, médicas, advogadas...enquanto eles falam em nomeá-las como secretárias da Prefeitura.
Certeza que quando os dois deixaram o auditório do CREA, onde aconteceu o debate, foram pensando consigo mesmos: 'como eu queria ser igual a ela'.
Ah...e Bolsonaro entrou no debate.
Não satisfeito em ter caído nas pesquisas com a passagem de Jair pelo seu palanque na praia da Redinha, o candidato Paulinho Freire defendeu peremptoriamente o ex-presidente da República. Disse até que a governadora Fátima Bezerra pagou os salários atrasados pelo ex-governador Robinson Faria com dinheiro de Bolsonaro. Faltou um 'fato ou fake' no debate para botar os pingos nos is. Natália não defendeu a governadora, mas também não estava ali pra isso.
E sobre o faltoso Carlos Eduardo...
Bom era ver o candidato Rafael, que tentou até a última hora ser o vice de Carlos, chamando o ex-prefeito de "atrasado" e de "Carlos Sorteio", referindo-se ao sorteio de crianças para conseguirem vagas nas creches, que aconteceu na gestão Carlos e segue acontecendo na gestão Álvaro Dias.
Bom era ver Paulinho acusando Carlos por ter criado o tal sorteio, mas não afirmando que o parceiro Álvaro Dias acabou. Bom era ver Paulinho criticando Carlos, a quem ele faz questão de imprimir o sobrenome Alves, por não ter feito a licitação do trágico transporte público de Natal, quando Álvaro também não fez. Engraçado ver Paulinho atacar a gestão de Álvaro, terceirizando a crítica para Carlos. Difícil bater em Carlos sem atingir Álvaro. O prefeito deve estar bem chateado com isso, porque não aconteceu só no debate. A propaganda eleitoral de Paulinho é um tiro no coração de Álvaro. Todos os dias.
Bom era ver Natália chamando Carlos de "covarde" porque ele se recusou a participar do debate, quando em 2022 ela votou nele para senador. Não queria, é justo dizer, mas a acabou vencida pela decisão do partido, que definiu Carlos, e não Jean Paul como queria Natália, como o senador da chapa esquerdista.
Carlos foi o atrasado, o sorteio, o Alves, o covarde, mas tudo porque ele não participou do debate. E tenho certeza que os três, apesar das críticas, adoraram não ter que confrontar com o ex-prefeito.
Porque Rafael iria ouvir uma passada na cara do líder nas pesquisas sobre o processo onde ele, Rafael, tentou ser vice de Carlos;
-onde Paulinho ia ouvir sobre ter sido vice-prefeito e ter que justificar porque no palanque dele, onde estão Álvaro, Rogério Marinho, José Agripino, João Maia e outros, ainda caberia Carlos Eduardo. Também iria ouvir que chegou a discutir a possibilidade dele próprio, Paulinho, ir para o palanque de Carlos indicando o vice, como chegaram a conversar;
-onde Natália ia ouvir de Carlos o que ela havia discursado sobre ele nas eleições de 2022.
Portanto, para os três, bom mesmo foi a ausência de Carlos Eduardo, já que toda ausência é atrevida e muitas vezes a presença pode ser dolorida.
É isso...
Esse foi o resumo do debate que eu vi.
Sem me importar com o que eles acham sobre o que eu achei.