18/09/2023
Mesmo já respondendo a ação na justiça, ‘humorista’ Léo Lins zomba do potiguar Ivan Baron, que tem paralisia cerebral e é hoje uma voz contra o capacitismo no Brasil
O "humorista" Léo Lins, que não mede esforços para agredir pessoas deficientes em seus espetáculos pelo Brasil afora, voltou a atacar o potiguar Ivan Baron, que já move um processo contra ele.
Ivan é influenciador da inclusão, e com muito esforço conseguiu ser uma voz importante no Brasil contra o capacitismo (o preconceito contra pessoas com deficiência; destratar ou ofender uma pessoa por sua deficiência).
Foi ele o potiguar que subiu a rampa do Palácio do Planalto, como integrante de um pequeno grupo representativo que entregou a faixa ao presidente Lula na posse do seu terceiro mandato. Daí um dos motivos para ser atacado e destratado por 'engraçados' bolsonaristas que não levam para os palcos, o espetáculo das jóias, as imitações que o ex-presidente fazia de pessoas com covid sem conseguir respirar...
Neste final de semana, em Belo Horizonte, Léo Lins fez o público rir de Ivan Baron, ao se referir ao rapaz que subiu a rampa, imitando a forma de falar de Ivan, consequência da paralisia cerebral à qual ele foi acometido.
Achando pouco, o 'engraçado' atacou outros deficientes, fazendo o público - QUE PÚBLICO É ESSE, MEU DEUS!!!!? - gargalhar de pessoas com autismo, hidrocefalia...
Confira dois trechos do espetáculo de horror que, com certeza, será alvo de uma ação na justiça e terá repercussão da mídia responsável em todo o país.
O que é mais impressionante: como a humanidade está doente.
Olhe o que essa "fã" do "humorista", que foi ao show e ouviu Léo Lins atacar deficientes e deficiências, publicou: "O show foi muito além de piadas polêmicas. Nos traz uma reflexão sobre respeito e tolerância".
Outra postagem que faz o "humorista" acreditar que está no "caminho certo", como ele comentou na postagem.
Diante do espetáculo tenebroso, Ivan Baron publicou nota de repúdio:
ivanbaron NOTA DE REPÚDIO:
Infelizmente, preciso vir aqui nas redes sociais expor mais um ataque CAPACITISTA que eu sofri de autoria do Léo Lins. Chegou até a mim um vídeo em que o humorista durante o seu show de stand-up se refere a minha pessoa de maneira extremamente ofensiva, imitando minhas características físicas, o jeito que eu falo e movimentos corporais tudo com o objetivo de estereotipar para fazer com que a sua plateia dê risada em cima da condição que possuo. Assistindo o conteúdo foi impossível não sofrer, relembrando vários gatilhos que precisei passar durante todo o processo de aceitação da minha deficiência (paralisia cerebral) e me senti, mais uma vez, humilhado por uma pessoa que não teme as consequências que a suposta "piadinha" pode causar na vida do outro.
Até quando quem não pertence a um padrão de linguagem e expressão terá que sofrer refém desse tipo de violência?
Nós, pessoas com deficiência, queremos ser livres, parar de temer por sermos diferentes! Mais grave ainda é ele ser aplaudido por isso e ter a chance de monetizar seu "trabalho". Em outro momento, no mesmo dia e show, o tal humorista faz mais piadas envolvendo agora pessoas com hidrocefalia, e de maneira horrenda dá a entender que as pessoas com essa condição enchem com água da pia a cabeça para aguentarem o calor. É CRUELDADE FALAR ISSO. FALTA DE RESPEITO TOTAL COM O INDIVÍDUO E SUA FAMILIA. Inclusive, temos o caso do Noah, neto do apresentador Ratinho, tão amado por ele. Esses atos são criminosos e não podem mais ser tolerados nos tempos em que vivemos, principalmente quando nos propomos a lutar por uma sociedade mais inclusiva e aberta para diversidade. Ações judiciais já estão sendo tomadas porque não dá mais para tratar como algo que não aconteceu, mas existe sim e grita por justiça, acredito que a impunidade não pode se sobressair, para acabarmos de vez com o preconceito e a crueldade disfarçados de humor.
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Do Blog - Agora em agosto, exatamente por ser considerado uma das vozes do Brasil contra o capacitismo, Ivan Baron, que já conseguiu mudar conceitos de uma rede de lojas como a Renner, foi 'repórter por um dia' do Fantástico, dentro da programação especial pelos 50 anos do programa global.
Que o Fantástico e outros programas de repercussão da TV Globo ou outros veículos, enxerguem o que aconteceu nesse palco de Belo Horizonte nesse final de semana. E não aplaudam como fez aquele público mineiro.