21/03/2022
O ‘strike’ de Fátima contra os prefeitos do MDB e PSDB
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Silêncio quase profundo na política potiguar depois da decisão dos deputados Ezequiel Ferreira (PSDB) e Walter Alves (MDB) seguirem juntos, interpretada por muitos como sendo o lançamento de uma chapa de oposição.
Não era.
Mas pode ser?
Tudo vai depender do pensamento da governadora e do PT, que montaram uma chapa com antecedência e fechando portas.
Caso o que foi interpretado pela classe política como uma chapa, e Ezequiel seja candidato, o cenário local mudará de figura.
A governadora Fátima Bezerra, que não tinha um problema, passará a ter.
Que não tinha um adversário, passará a ter.
Fátima teve uma tática para tirar do meio uma candidatura que não existia, a de Carlos Eduardo Alves, mas deixou ser engolida, mesmo tendo na mão, pelos dois maiores partidos do estado, o PSDB de Ezequiel Ferreira e o MDB de Walter Alves.
Jogou errado?
Quem travaria uma chapa com tanta antecedência tendo à frente outras jogadas para manter a posição cômoda de ‘candidata sem adversário’?
Fátima limitou o jogo ao comprometer a vaga de Senado.
Sentado na cadeira de ‘senador de Fátima’, Carlos abriu diálogo com o prefeito de Natal, Álvaro Dias, que conversou e conversou e conversou com Fátima.
Porém, de domingo para esta segunda, depois que o grupo da governadora parece ter fechado a porta e a janela para Walter e Ezequiel, Álvaro já apareceu como padrinho da chapa de oposição. Deixou Carlos Eduardo pendurado no pincel, sem faturar para a governadora a sua única cartada.
Carlos hoje ocupa o ‘horário nobre’ da chapa da governadora, mesmo não tendo prefeitos aliados, mesmo tendo perdido todos os vereadores do seu partido na capital, mesmo não transferindo para a governadora, os votos que diz ter em Natal e Parnamirim.
O PSDB e o MDB tem uma média de 70 prefeitos . A maioria com boa avaliação e capilaridade junto ao eleitorado.
Abrir mão de todos de uma só vez, na linguagem do jogo de boliche, serie um STRIKE incrível, mas com efeito contrário.
O Strike no boliche acontece quando o jogador derruba os dez pinos na primeira chance de uma partida, sem precisar da segunda chance dessa rodada. Quem faz strike ganha a rodada, mas com efeito inverso, garante a vitória para o adversário.
Fátima pode fazer um strike… tirando de sua frente mais de 60 prefeitos.

Seguindo o baile…
Caso a chapa Ezequiel governador, Walter vice seja oficializada, a disputa de 2022 que tendia a se limitar ao Senado, com o par ou ímpar entre Carlos Eduardo e Rogério Marinho, ganha tamanho G com dois palanques completos.
E enquanto Fátima terá uma trabalheira para reconquistar prefeitos, Ezequiel e Walter terão a trabalheira para descolar a imagem dos dois do presidente Bolsonaro, colando a imagem de Ezequiel do PSDB na do presidenciável João Dória, e Walter do MDB na da presidenciável Simone Tebet.
Não será fácil porque, na cabeça da população, e não da classe política, a disputa terá dois lado em todo o Brasil: o de Lula e o de Bolsonaro. Outro lado, que seria uma terceira via, ainda vai demorar um bocado a existir no Brasil.
Pelo menos na campanha deste ano a polarização prevalecerá.