26/04/2021
Pandemia, decretos e vacinas: sem espaço para fake news
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A falta de senso de grande parte dos brasileiros tem obrigado estados e municípios a apelarem por decretos com medidas restritivas na intenção de impedir a continuidade dos índices altos de transmissibilidade do coronavírus, quando na realidade o decreto deveria estar na cabeça de cada um. A responsabilidade teria que ser de cada um.
Aliado a falta de senso de parte da população brasileira, só uma coisa ajuda a não ajudar: a guerra de decretos, onde na maioria dos casos, estados e capitais destoam das decisões, deixando a população, além de já assustada com a disseminação da covid e o alto número de mortes, à mercê da briga política.
No Rio Grande do Norte tem sido assim.
A governadora Fátima Bezerra tem sido mais dura e tem afirmado que vai até o fim na tentativa de salvar vidas.
Os números de mortes tem assustado mais a governadora, visto que, ao contrário do prefeito da capital, Álvaro Dias, a contabilidade que lhe chega é a de todo o estado.
Os números do todo superam os números da capital e isso faz a governadora pensar duas vezes antes de anunciar uma flexibilização.
O prefeito Álvaro tem sido mais flexível.
Ser prefeito de capital não é fácil e é na mesa dele que chegam as maiores pressões.
Comércio, indústria, escolas, setores de eventos instalados em Natal, pressionam o prefeito, que tem baixado decretos divergentes dos estaduais.
Na guerra que tem os números de mortos no meio, entram as redes sociais e o ‘vale-tudo’ digital que mais desinformam do que colaboram.
É aí que entram as torcidas, onde os aliados de um culpam o outro, deixando a população, que muitas vezes não se aprofunda nas informações, a destilar ódio contra um ou contra outro.
E potiguar que mora em Natal vive o dilema das ‘medidas de esquerda’, adotadas pela governadora do PT, e das ‘medidas de direita’, adotadas pelo prefeito do PSDB, quando, na realidade, as medidas, sejam elas quais forem, tem a intenção de salvar: vidas ou a economia.
Bom seria se salvassem os dois.
A guerra dos decretos ultrapassa a barreira do executivo e segue para o judiciário, onde decisões ou mantém ou reformam o que está no papel assinado, ou pela governadora ou pelo prefeito.
Mas, aí a falta de informação em relação à doença e aos decretos, passa para a vacinação, que funciona assim:
O Ministério da Saúde compra as vacinas e envia para os estados.
Nos estados - Rio Grande do Norte e todos os demais - a Secretaria Estadual de Saúde recebe e encaminha para as prefeituras.
Cabe às prefeituras criar e cumprir o plano de vacinação, de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde.
No início do plano de imunização, o Ministério da Saúde determinava que as prefeituras reservassem o equivalente à segunda dose.
Há cerca de um mês, o mesmo Ministério da Saúde liberou a aplicação de todas as doses enviadas, dando a entender que não faltaria segunda dose.
Faltou em Natal.
Faltou em Mossoró.
E o Ministério da Saúde, que liberou o uso imediato de 100% das doses enviadas, não enviou o suficiente para suprir a segunda, para as pessoas que já haviam tomado a primeira dose da CoronaVac.
Aí mais uma vez entram as torcidas.
Culpa da governadora!
Culpa de prefeito de Natal, de Mossoró.
Na real, prefeitos ouviram o Ministério da Saúde, que determinou a liberação e não cumpriu com o envio de mais vacinas.
A governadora...virou alvo da torcida de prefeitos e de ministro, mas não há como não afirmar, em nome da informação correta, sem espaço para fake news, que nunca coube ao governo do estado - do Rio Grande do Norte ou de qualquer outro - aplicar quantidade A ou B de doses.
Ainda tem a tal reserva técnica.
Protocolo do Ministério da Saúde que se não for cumprido, o estado poderá sofrer penalidades.
A realidade é que a politicagem tomou conta da pandemia.
Projetos de leis, apresentados por deputados e vereadores, ped m a colocação de mais e mais categorias, que não estão no protocolo do governo federal, como prioritários na fila da vacinação.
E sendo essas leis aprovadas na Assembleia ou na Câmara, sancionadas pela governadora ou pelo prefeito, poderão esquentar ainda mais o palanque de desentendimentos que terão como efeito, mais falta de vacinas.
Sem pensar na segunda dose, e optando por mais categorias furando a fila do que já foi programado, a falta de segunda dose da CoronaVac poderá atingir também quem foi imunizado com a primeira dose da Oxford AstraZeneca.
É isso...
Não custa nada explicar com base em informações.
Em determinações.
Em protocolos.
Sem espaço para fake news.