04/03/2021
Crusoé: Flávio Bolsonaro segue enrolado no negócio milionário ao não explicar origem de 1 milhão e 700 mil reais usados na compra da mansão de 6 milhões
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Da série “F5 no Minha Casa Minha Vida”...
Depois de “Cadê Queiroz?”, pergunta a ser feita a Flávio Bolsonaro é: “Cadê o 1 milhão e 700 mil?”..

A conta não fecha. Na escritura que formalizou a compra de uma mansão em Brasília por quase 6 milhões de reais, Flávio Bolsonaro declarou que uma parte do valor, exatamente 2.870.000, foi paga com recursos próprios. O restante, 3.100,00 reais, foi financiado junto ao BRB, o banco do governo do Distrito Federal.
Acontece que, nesta quarta-feira, 3, em resposta ao Antagonista, o empresário brasiliense Juscelino Sarkis, que vendeu a casa a Flávio Bolsonaro, apresentou comprovantes de transferências feitas pelo filho 01 do presidente que somam apenas 1.090.000 reais, e não os 2.870.000 reais que, segundo a escritura, Flávio acertou com recursos próprios.
Ou seja, entre o que registra o documento oficial e os comprovantes apresentados pelo empresário, há uma diferença de 1.780.000 reais.
Como a escritura e também o registro no cartório de imóveis dão como quitados os 2.870.000 reais que Flávio Bolsonaro afirma ter colocado no negócio por meio de recursos próprios, é incontornável a pergunta: como ele pagou esses 1.780.000 restantes?
Caso mais adiante ele diga que o valor ainda não foi pago ao vendedor, por que os documentos oficiais registram a operação como concluída e não fazem qualquer menção a parcelas que ainda estariam em aberto? Excesso de confiança entre as partes? Estranho, no mínimo.
A diferença nos valores lança mais sombra sobre a nova transação de Flávio, que foi investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por realizar operações imobiliárias suspeitas - os promotores sustentam que o filho 01 do presidente da República usou dinheiro do esquema rachid em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa fluminense para adquirir várias propriedades.
Uma nota oficial distribuída pelos advogados de Juscelino Sarkis também nesta quarta-feira afirma que, dos 5.970.000 reais pelos quais a casa foi vendida, foram pagos 4.190.278,30 - a soma se refere aos 1.090.000 de reais repassados por Flávio por meio de três transferência s bancarias efetuadas entre novembro e dezembro de 2020 e a exatos 3.100.278,20 relativos ao valor financiado pelo BRB. Não há, no texto, qualquer menção à diferença de 1.780.000 reais.
Diz a nota: "Até o presente momento todos os termos contratados tem sido devidamente adimplidos, já tendo sido efetuado o pagamento do valor de R$ 4.190.278,30 (quatro milhões, cento e noventa mil duzentos e setenta e oito reais e trinta centavos), dos quais R$ 1.090.000,00 (um milhão e noventa mil reais) foram cumpridos através de transferências bancárias (TEDs) realizadas em 23/1 /2020 (R$
200.000,00)', 10/12/2020 (R$ 300.000,00) e 11/12/2020 (590.000,00), e também pela liberação de valores alusivos ao financiamento bancário no valor de R$ 3.100.278,30 (três milhões e cem mil duzentos e setenta e oito reais e inte centavos), ocorridos em 02/02/2021".
A nota, observe o leitor, se limita a dizer genericamente que "até o presente momento todos os termos contratados tem sido devidamente adimplidos". Se Flávio ainda está devendo uma parte, por que não dizer? Os advogados de Juscelino Sarkis afirmam, nas últimas linhas da manifestação, que "os valores da venda serão devidamente declarados às autoridades fazendárias".
Logo após a revelação da transação pelo Antagonista, Flávio Bolsonaro afirmou, também em nota oficial, que a casa "foi comprada com recursos próprios, em especial oriundos da venda (de) seu imóvel no Rio de Janeiro". A nota prossegue: "Mais da metade do valor da operação ocorreu (sic) por intermédio de financiamento imobiliário. Tudo registrado em escritura pública".
A indagação, que precisa ser respondida o quanto antes pelos envolvidos na transação, especialmente pelo filho do presidente, está no ar: e os 1.780.000 reais? Depois da célebre "Cade o Queiroz?", repetida em prosa e verso durante o longo sumiço do operador do caixa paralelo do antigo gabinete de Flávio, essa é a pergunta que agora se impõe. Talvez um novo relatório do Coaf seja necessário para que venha a resposta.