12/01/2021
General responsável pelo Enem, que no domingo vai aglomerar estudantes em todo o país, morre de covid
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Do Globo:

BRASÍLIA — Diretor de Avaliação da Educação Básica, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo Enem, Carlos Roberto Pinto de Souza morreu nesta segunda-feira, aos 59 anos, em Curitiba. General de reserva, Souza havia assumido a direção do órgão em agosto de 2019, o quarto responsável pela área no governo de Jair Bolsonaro.
Fontes ligadas ao diretor afirmam que Souza morreu vítima de Covid-19. Questionado pela reportagem se essa seria a causa da morte do diretor, oficialmente o órgão disse apenas que, "em respeito à família do diretor", o motivo do falecimento não será tratado pelo Inep.
O GLOBO apurou que, além da questão familiar, o órgão teria optado por omitir a causa da morte por uma questão política para evitar desgastes a poucos dias do Enem, cuja primeira prova está marcada para o próximo domingo (17).
Desde a semana passada, cresce a pressão pelo adiamento da prova, em meio ao crescimento de casos e óbitos pela Covid-19. Além de pedidos de entidades estudantis e científicas, a Defensoria Pública da União (DPU) requisitou, na última sexta-feira, o adiamento do exame à Justiça Federal da 3ª Região.
Informação omitida em outras ocasiões
Não é a primeira ocasião em que órgãos federais omitem a causa de morte de um servidor em meio à pandemia. Em novembro do ano passado, após sofrer reprimenda do presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) omitiu informação sobre a causa da morte do agente Flávio José Souza Gomes.
Em maio, Bolsonaro também havia reclamando da menção de coronavírus em um comunicado sobre a morte de um policial. Na época, o presidente afirmou que era preciso informar as outras doenças da vítima, "para não levar medo à população".
Justiça decidirá sobre Enem
Uma ação movida na Justiça por organizações estudantis e institutos da área de educação na última sexta (7) e uma carta de mais de 45 associações ligadas a ciência questionam a segurança sanitária para a realização do Enem 2020 em face da alta de casos de Covid no país.
A versão impressa do exame está marcada para este domingo (17) e para o seguinte (24).
O documento solicita o adiamento da prova. A Defensoria Pública da União fez o pedido junto com a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e as entidades Campanha Nacional pelo Direito à Educação e Educafro.
Na mesma sexta, mais de 45 entidades científicas publicaram uma carta endereçada ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, em que expressam preocupação pela realização do exame.
Encabeçam a manifestação a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped) e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
Segundo a carta, as medidas do Inep e do governo federal "não são suficientes para garantir a segurança da população brasileira, num momento de visível agravamento da pandemia no país".