07/06/2020
Médico de UTI Sebastião Paulino faz alerta para riscos que correm pacientes e profissionais de Saúde quando há mistura de covid e outras doenças dentro de uma mesma unidade
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Médico intensivista, com atuação nas UTIs do Walfredo Gurgel e Hospital Santa Catarina, o médico Sebastião Paulino, que também é advogado e integra o Conselho Regional de Medicina do RN, relatou, em um artigo que o Blog publica, os riscos que correm os pacientes e profissionais da Saúde quando há mistura de doentes com covid e com outras comorbidades dentro de uma mesma UTI.
O médico faz um alerta para que isso não aconteça nos hospitais.
COVID -19
Estamos vivendo um tempo de incertezas, de adversidades e de perdas irreparáveis.
Nos últimos seis meses o mundo tem agonizado com a crescente elevação de um obtuário insano e pernicioso.
São criaturas humanas que estão indo embora, independente de credo, classe social ou raça, sem direito a um adeus.
O mundo clama por socorro, incontinenti.
Ainda assim, não há tratamento com evidência científica, tampouco uma vacina que nos garanta a preservação da espécie.
A única medida que tem se mostrado eficiente para minimizar os efeitos de uma doença tão letal, sem sombra de duvida, tem sido o distanciamento social e o isolamento das criaturas acometidas.
O potencial de contaminação é exponencial e chega a ser assustador.
Acomodar um doente com uma patologia outra em uma UTI ao lado de um paciente com COVID-19 é um ato insano e criminoso, cuja consequência jurídica terá repercussão notória tanto no âmbito criminal, quanto administrativo e cível.
Não temos o direito de sentenciar um paciente de elevado risco, inteirado de comorbidades e imunodeprimido, com a companhia próxima de outro doente acometido de COVID-19. Este precisa ser acomodado em uma área exclusiva.
Paciente com COVID-19 necessita de acolhimento digno, diferenciado e de uma equipe de cuidadores devidamente treinada, incluindo o médico.
Não temos o direito de acomodar doentes com COVID-19 no mesmo ambiente dos demais. É crime.
São as unidades hospitalares e as unidades de terapia intensiva, os ambientes de maior contaminação, adoecimento e óbitos.
Não é à toa que o maior percentual de adoecimento está entre os serviçais da saúde.
Os gestores, por mais que possam desconhecer tantos riscos, têm a obrigação profissional, por dever de ofício, de aceitar as medidas que cheguem com o intento de atenuar os riscos de servidores e pacientes.
O nosso objetivo precípuo é preservar vidas e atenuar o sofrimento humano.
Vamos unir forças e de mãos dadas tentar salvar o maior número de vidas, minimizando todos os riscos.
O doutor de hoje, invariavelmente, será o paciente do amanhã.
Nosso cadafalso não terá distinção.
Sebastião Paulino da Costa.
Médico e Advogado.