01/06/2020
O Globo compra briga com robôs que disseminam fake news e lança projeto que revela o jogo por trás de perfis nas redes sociaie
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O jornal O Globo decidiu comprar a briga com os robôs que se infestaram nas redes sociais, e descobrir como eles funcionam e como são bancados.
Veja como na reportagem da edição do domingo:

Desde as eleições presidenciais americanas de 2016 e brasileiras de 2018, cresce a influência das redes sociais e aplicativos de mensagem no posicionamento político de eleitores e no comportamento destes nas urnas. Panfletagens nas ruas, carreatas, comícios, reuniões domiciliares ainda existem em campanhas eleitorais, mas já não são mais suficientes para determinar os rumos políticos de uma cidade, estado ou país.
Para traduzir este universo aos assinantes, O GLOBO decidiu mergulhar nas redes sociais e revelar como o que acontece ali influencia o debate político nacional. Por meio do projeto Sonar, em parceria com agências especializadas na leitura dessas mídias, o jornal produzirá reportagens exclusivas que mostrarão os principais influenciadores de todos os espectros ideológicos e como eles impactam a opinião pública, além do jogo sujo por trás de alguns destes perfis.
Os conteúdos do projeto Sonar, que estreia hoje, estarão reunidos neste blog no site do GLOBO, mas também serão levados à edição impressa e aos demais canais do jornal, como newsletters e podcasts. Serão reportagens investigativas, notas curtas, pesquisas e entrevistas, dentre outros. Repórteres da Redação Integrada estarão conectados a agências e instituições especializadas em monitorar as redes, com ferramentas aplicadas ao jornalismo. Por ora, estarão no Sonar a Arquimedes, a DAPP/FGV, a Bites e a Quaest.
“O Sonar nasce da aliança com as mais sofisticadas ferramentas de análise de big data dos nossos parceiros e da fome da nossa equipe de trazer entrevistas, reportagens e furos desse universo digital que tornou-se a principal arena do debate político no Brasil e no mundo”, explica o editor de O País do GLOBO, Thiago Prado.
Atenção ao whatsapp
A primeira reportagem mostra como anúncios das estatais brasileiras Petrobras e Eletrobras vão parar em sites de fake news e defensores de intervenção militar no país.
Nesta segunda-feira será a vez de uma entrevista exclusiva com Matt Rivitz, criador do Sleeping Giants, perfil do Twitter americano — que possui sua versão brasileira — que alerta grandes empresas sobre propagandas em páginas da internet que disseminam notícias falsas.
O Sonar vai dar voz também às grandes empresas e aos políticos envolvidos diretamente no debate sobre liberdade de expressão, legislação e políticas de privacidade. O tema ganha ainda mais relevância quando os presidentes dos EUA, Donald Trump, e do Brasil, Jair Bolsonaro, são tarjados pelas redes como Facebook, Instagram e Twitter com alertas de que as informações publicadas em seus perfis oficiais violam os termos de uso, seja com desinformação ou apelo à violência policial.
A Justiça brasileira também ganhou protagonismo ao analisar casos de manipulação das redes e decidir sobre crimes cometidos em campanhas difamatórias. Inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) atingiu, na semana passada, aliados do presidente Bolsonaro e quebrou sigilo fiscal de empresários suspeitos de financiar ataques virtuais.
O WhatsApp será outra ferramenta de trabalho dos jornalistas envolvidos no projeto. Entender como funcionam grupos públicos e seus impactos na formação das ondas políticas que podem, de um dia para o outro, virar o resultado de uma eleição é fundamental na cobertura política. Do jogo limpo ao jogo sujo, as estratégias virtuais são o foco do Sonar.
Novos personagens
Outra grande aposta do Sonar será a publicação de rankings e painéis periódicos sobre quem mais influencia politicamente as redes, além das personalidades mais atacadas e também as mais defendidas. Recentemente, nomes famosos antes ligados apenas ao entretenimento, como o youtuber Felipe Neto e a cantora Anitta, passaram a ganhar voz política. Tudo pelas redes.
O Sonar é lançado quatro meses após o Analítico, outra plataforma que joga luz sobre os acontecimentos, com textos curtos e feitos para explicar as notícias que não param de chegar. Ambos os endereços estão disponíveis no site do GLOBO e também têm textos publicados na versão impressa.

— Levantamentos sobre comportamento das redes diante de acontecimentos marcantes e debates públicos.
— Investigações e reportagens aprofundadas sobre uso coordenado de conteúdos políticos para influenciar as redes.
— Análises sobre estratégias e movimentos de personagens da política centrais nas redes.
— Rankings e painéis periódicos sobre quem mais influencia politicamente as redes.
— Entrevistas com especialistas e influenciadores digitais.
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Na edição do domingo, quem bancou os 28 mil anúncios em sites de fake news:
