30/07/2019
Crusoé3: Sérgio Moro não opina sobre intenções de hackers
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Na entrevista que concedeu ao repórter Rodrigo Rangel, na revista Crusoé, o ministro Sérgio Moro preferiu não opinar sobre as intenções dos hackers que invadiram o telefone dele e de outras autoridades. Qual é, afinal, o alvo principal dos hackers: o sr., a Lavajato, ou as suas decisões enquanto juiz? Existe uma investigação em andamento e quem vai responder essa questão é a Polícia Federal. O que eu tenho observado é que o número de pessoas atingidas pelo hackeamento, ou pela tentativa de hackeamento, é um rol mais amplo. Há, inclusive, jornalistas. Mas qual seria o objetivo? As instituições estão sendo atacadas. Talvez haja um direcionamento específico à Lavajato, inicial, mas me parece que os ataques transcendem esse alvo. Existe um ataque concertado às comunicações das instituições. A investigação caminha e acho eu essa resposta vai ter que vir de lá. Normalmente, existe uma técnica de apuração no sentido de considerar quem se beneficia. Pode estar aí a resposta. Mas é preciso esperar a conclusão das investigações. O sr. enxerga um movimento no sentido de reverter a condenação do ex-presidente Lula? Uma coisa é o hackeamento e outra é a divulgação do material. Meu celular foi alvo e eu comuniquei imediatamente a Polícia Federal para apurar a invasão criminosa. Em relação à divulgação, não houve nenhuma requisição de minha parte. A polícia está investigando o hackeamento. Na divulgação, pelo sensacionalismo utilizado, pelo desrespeito às boas regras do jornalismo e pelo teor das matérias, me pareceu que o objetivo era anular condenações da Lavajato e impedir novas investigações. Se isso foi direcionado a um indivíduo específico ou a vários, é uma questão que não me cabe responder. Se arrepende de algo que essas mensagens revelaram? Já me manifestei publicamente, mas, para deixar bastante claro, eu não posso reconhecer a autenticidade das mensagens porque não as tenho. Não tenho uma memória exata do que eu teria escrito há três ou quatro anos. Mas estou absolutamente tranquilo porque, se o material que diz respeito às minhas condutas for divulgado sem adulteração, não existe nada contra mim. O que existe na verdade é um comportamento absolutamente correto como juiz da Operação Lavajato. Inclusive nas conversas com o Ministério Público? Inclusive nessas conversas. Nós temos uma tradição no Brasil de conversas informais entre advogado e juiz, entre juiz e promotor. Vejo advogados que se encontram com frequência com magistrados criticando esses contatos como se o MP não fosse de certa forma também advogado, só que advogado da sociedade, do interesse público. Em uma investigação que dura anos e com dinâmica intensa, eventualmente algumas dessas conversas podem ter ocorrido por meio de aparelhos de comunicação. Mas não existe nada lá além de sensacionalismo. Exemplificando, quando dizem que se confia em um ministro do Supremo, ou que para requerer prisão preventiva tem que ter prova robusta (refere-se a declarações contidas nas mensagens com a força-tarefa), são conversas normais, não tem nada ilícito. Tanto que eu tenho afirmado que, se tem esse material, que divulguem tudo. Não tenho nenhum receio quanto a isso. Não acredito naquela afirmação de que ninguém resiste a uma interceptação ou a divulgação de suas conversas porque nada foi feito de ilícito, ilegal ou antiético.