14/02/2019
Depois do filho de Bolsonaro chamar ministro de mentiroso, ata do PSL contradiz o que o auxiliar do governo tem falado
Não adianta o ministro da Secretaria Geral do Governo, Gustavo Bebianno dizer que não há crise formada no coração do Palácio do Planalto. Que nome se daria onde o filho do presidente da República chama o ministro do governo do pai...de mentiroso? E ainda prova, mesmo que para isso exponha pai, mãe, gato, cachorro e papagaio? O vereador carioca e filho de presidente, Carlos Bolsonaro, viralizou que o ministro, que afirmou ter falado com o presidente 3 vezes quando ele estava no hospital, disse que isso não aconteceu. E postou áudio do presidente dando uma dispensada no auxiliar, quando ele tentava falar...
E na tarde desta quinta-feira, reportagem da Folha reforça a tese do filho do presidente.
Leia e entenda melhor a raiz da crise que deverá provocar a primeira baixa na equipe do presidente Jair Bolsonaro:
Camila Mattoso/Ranier Bragon
BRASÍLIA
Ata de uma reunião da Executiva Nacional do PSL realizada em 11 de julho do ano passado mostra que o partido do presidente Jair Bolsonaro definiu Gustavo Bebianno, então presidente interino da sigla, como o responsável pela distribuição de verbas públicas a candidatos nos estados na eleição de 2018.
O encontro também decidiu os critérios eleitorais que deveriam balizar os repasses dos fundos de campanha.
Desde que a Folha revelou o esquema de candidaturas laranjas do PSL nos estados, Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, tem dito que as decisões sobre chapas nos estados foram das direções regionais e que cuidou apenas da eleição presidencial.
"A responsabilidade cível e criminal é bem dividida. É dos diretórios regionais. A mim competiu trabalhar para eleição do presidente. Para eleição dos deputados estaduais, federais, senadores e governadores, cada diretório montou sua chapa e conduziu", disse à Folha na noite de terça-feira (12).
Declaração similar foi dada a Globonews na noite de quarta-feira (13).
De acordo com a ata da reunião de julho, porém, houve uma votação e, por unanimidade, ficou decidido que caberia “ao presidente da Comissão Executiva Nacional do PSL decidir sobre a distribuição dos recursos.”
Em seguida, o documento trata dos critérios que deveriam ser seguidos, “levando em consideração a prioridade de reeleição dos atuais mandatários, a probabilidade de êxito das candidaturas, bem como a estratégia político-eleitoral do partido em âmbito nacional, no tocante ao crescimento de suas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal”.
Na mesma ata, o PSL formalizou que, "para que o candidato receba recursos do fundo eleitoral, deverá fazer requerimento formal, por escrito, à presidência da comissão executiva nacional”.
O encontro de julho ocorreu em Brasília, às 14h, com a presença dos membros da comissão executiva nacional do PSL, e foi presidido pelo próprio Bebianno. A primeira assinatura da ata é do hoje ministro de Bolsonaro.
A Folha procurou o ministro, que até a publicação desta reportagem não se manifestou.
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Segundo a Folha apurou, Bolsonaro esperava que Bebianno já tivesse pedido demissão quando saísse do hospital onde esteve internado em São Paulo e chegasse à tarde a Brasília com trunfo para conter os impactos do caso.