15/02/2018
Estudante brasileira conta momentos de horror na escola invadida por ex-aluno atirador
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Uma brasileira de 16 anos, Kemily dos Santos Duchini, que estuda na escola pública Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Florida, deu um depoimento por telefone para a BBC Brasil sobre o desespero na escola invadida por um ex-aluno que abriu fogo contra estudantes e professores nesta quarta-feira. Kemily mora na pequena cidade de Parkland, onde a escola se localiza e estava dentro de sua sala de aula enquanto Nikolas Cruz, de 19 anos, agia armado com um fuzil AR-15. A mãe de Kemily, Fabiana Santos, soube de tudo em tempo real por mensagens enviadas pela filha. Ela disse que ficou desesperada e chegou a achar que a filha tinha morrido, já que entre a primeira e a segunda mensagem enviada se passaram vários minutos. Leia o depoimento da estudante:
"Eu estava em um prédio chamado Freshment Building, que foi o primeiro onde ele entrou. Estávamos fazendo tarefa e a primeira coisa que escutamos foram quatro tiros e barulhos altos, como se alguém estivesse jogando algo muito pesado no chão.
Nós ouvíamos homens gritando e não entendíamos. Os tiros estavam se aproximando da minha sala. Eu estava no segundo andar e percebia que estava subindo as escadas, chegando cada vez mais perto.
Então ouvimos: "Ponha as mãos na cabeça!". Era a polícia falando com alguém.
Mas continuamos ouvindo muitos tiros depois disso.
Enquanto tudo acontecia, a escola não fez nenhum aviso no sistema interno de alto-falantes. O sinal do fim da aula também não tocou.
Às 15h, bateram na porta da sala de aula dizendo que era a polícia. Por protocolo, regra da escola nesse tipo de situação, nós não podíamos abrir.Então eles quebraram a janela, pediram para todos colocarem as mãos na cabeça e começaram a fazer perguntas. "Tem alguém armado?" "Tem alguém ferido?"
Eles pediram para todos nós sairmos com as mãos nos ombros das pessoas da frente. Lá fora, eram mais de dez homens da SWAT com armas enormes gritando para nós: "Corram!", "Andem rápido!", "Não olhem para trás!".
O policial disse para não olharmos, mas uma amiga virou e viu uma menina morta no chão.
Nessa hora eles pediram para colocarmos as mãos na cabeça. Andamos até a esquina da escola e lá fora encontramos a polícia, e pais e mães chorando.
Encontrei uma amiga do terceiro andar, onde aconteceu a maior parte da destruição. Ela contou que viu quatro mortos - duas meninas caídas na entrada do banheiro.
No primeiro e no terceiro andares, os banheiros estavam trancados e elas não conseguiram entrar.
Todos os tiros foram na cabeça.