14/09/2016
Léo Pinheiro relata reunião com ministro de Dilma e senadores para atrapalhar CPI da Petrobras
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Léo Pinheiro diz que Berzoini relatou 'preocupação' do governo com CPI
Ex-presidente da OAS foi interrogado por Sérgio Moro nesta terça-feira (13). Berzoini nega ter pedido colaboração de empresas para favorecer governo.
13/09/2016 17h30 - Atualizado em 13/09/2016 21h14
Por Aline Pavaneli e Thais Kaniak
O ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, relatou à Justiça que se reuniu com senadores para negociar que as investigações da CPMI da Petrobras, em 2014, não chegassem até a empreiteira. Num dos encontros, estava o então ministro de Relações Institucionais Ricardo Berzoini, que teria pedido ajuda de empresas para que investigações não prejudicassem o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). O ex-ministro nega.
Segundo Léo Pinheiro, a preocupação sobre a CPMI foi compartilhada em um encontro na casa do ex-senador Gim Argello (PTB-DF), em Brasília. Além do ex-senador e do ex-ministro, participou do encontro o ex-senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que atualmente é ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
"O ministro [Berzoini] relatou que era uma preocupação muito grande do governo da presidente Dilma o desenrolar dessa CPI e que gostaria que as empresas, o quanto possível, pudessem colaborar para que essas investigações não tivessem uma coisa que prejudicasse o governo", disse o ex-presidente da OAS nesta terça-feira (13), durante interrogatório conduzido pelo juiz Sérgio Moro.
Léo Pinheiro é réu em ação penal da 28ª fase da Operação Lava Jato e responde por corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de capitais e obstrução à investigação. O ex-presidente da OAS é acusado de pagar propina para o ex-senador Gim Argello para não ser convocado para a CPMI da Petrobras. Vital do Rêgo era o presidente da CPMI da Petrobras e Gim Argello, o vice-presidente.
"Eu tive a clara impressão, após essa reunião, no instrumento de pressão: a presença de um ministro de Estado, que não é fato normal na casa de um senador e com a presença de um empresário de uma empresa que está sendo investigada", afirmou Léo Pinheiro.
Conforme Léo Pinheiro, depois que Ricardo Berzoini saiu, os então senadores explicaram que existia um "mecanismo de condução de CPI", como um calendário de reuniões, entre os exemplos citados. "Havia toda uma metodologia para que não se chegasse às investigações que o MPF e a Justiça chegaram."