13/08/2016
Um dos nomes mais importantes da Arte Naif no Brasil, morre em Goiás o potiguar Fé Córdula
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Morreu nesta sexta-feira em Goiânia, o artista plástico potiguar, acariense de coração, Fé Córdula
Nome dos mais importantes na Art Naif brasileira, Fé Córdula - conhecido em Acari por 'Chico do Padre' - é quem dá cores à minha casa.
Há 5 anos, depois de me apaixonar por uma peça de sua autoria, pedi que ele fizesse aquela, só que no tamanho que enchesse a minha casa com a mistura de cores que ele conseguia encantar o Brasil.
Amigo dele, meu tio Hortêncio, que mora em Goiânia, acompanhou toda a produção seguida daqui em inúmeros contatos pelo telefone.
A bela tela chegou à minha casa com um pedido feito por Fé: "Nunca diga a ninguém quanto você me pagou".
Ele dizia que o generoso desconto que me dava, incluía nossa origem Acari, a ligação com a minha bisavó Sinhá, de quem era afilhado, a amizade com meu tio "goiano" como ele, e a beleza da minha mãe na juventude.
Posso até dizer que ganhei um belo presente - dado o tamanho da generosidade - e que as cores de Fé Córdula, em tamanho gigante, se eternizam na parede da minha sala.
Fé Córdula será cremado na segunda-feira, 15 de agosto, dia de Nossa Senhora da Guia, padroeira do nosso Acari.
Na imprensa goiana, em destaque a morte de Fé Córdula:
Do jornal "A Opção":
Artista do Rio Grande do Norte desenvolveu toda sua obra em Goiás e se tornou um dos principais representantes da chamada arte primitiva
O artista plástico Fé Córdula, um dos mais importantes representantes da pintura Naif do País, faleceu nesta sexta-feira (12/8), vítima de uma parada cardíaca. Ele estava internado há mais de duas semanas para tratar de uma pneumonia.
O corpo do artista plástico estava sendo sendo velado no Museu de Arte de Goiânia e será cremado na segunda-feira, às 14 horas, numa cerimônia em homenagem ao artista.
Francisco de Assis Córdula nasceu no Rio Grande do Norte e se mudou para Goiás em 1974. Foi aqui que Fé desenvolveu todo o seu trabalho. Sem deixar de lado as referências ao sertão de Seridó, parte de sua obra traz temas goianos, como as cavalhadas e a procissão do fogaréu.
Autodidata, Fé começou seu trabalho como artesão, mas também percorreu os caminhos do desenho e da pintura.
Sua obra, rica de cor e fantasias, interpreta anseios populares e traz uma visão lúdica de tudo o que o artista sentia.
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De O Popular:
Um dos mais importantes nomes da arte naïf, o artista plástico Fé Córdula morreu aos 83 anos.
O corpo do artista, que foi velado ontem no Museu de Arte de Goiânia (MAG), no
Bosque dos Buritis, será cremado na segunda-feira. Fé Córdula deixa três filhos, uma neta e uma bisneta e a mulher.
Há 15 dias internado na UTI do Hospital do Jacob Facuri, Fé Córdula lutava contra uma forte pneumonia.
Segundo a mulher Maria das Dores Feitosa, 72 anos, o artista plástico já havia passado por algumas cirurgias cardíacas.
"Após uma pequena melhora, os rins começaram a dar sinal de falência e os antibióticos não estavam funcionando mais. Ele já estava bem cansado. Após três paradas cardíacas seguidas, ele não resistiu", disse Maria.
Nascido em São Rafael, no Rio Grande do Norte (RN), em 12 de janeiro de 1933, Francisco de Assis Córdula morava em Goiás desde a década de 1970.
0 artista vivia com a mulher em um sítio, rodeado de natureza e animais, no município de Abadia de Goiás.
Desenhista e pintor, ele já integrou mais de cem exposições no Brasil e no exterior, em países como Alemanha e França.
A última exposição de Fé Córdula foi em maio no hall do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, onde ficou em cartaz até o dia 10 de junho.
Amiga de Fé Córdula, a artista plástica Helena Vasconcelos lamentou a morte do companheiro de arte.
"É uma perda grande. Ele foi uma pessoa que chegou em Goiás há muito anos e assumiu essa goianidade. Encantou com suas obras marcadas pela religiosidade de São Francisco e do Divino Espírito Santo."
O curador António da Mata valorizou a arte sacra primitiva produzida pelo artista.
"Ele pintou obras maravilhosas, era um colorista de primeira, mesmo sendo um primitivo, fugia do estilo, repetia vários assuntos, fazia tudo com muito esmero. Tinha o dom de fazer o que ele fazia. Fé Córdula nunca esqueceu sua raiz nordestina pintando o folclore nordestino, bumba-meu-boi, festas juninas. Era um pintor de mão cheia".