19/01/2016
Jota Oliveira: a saudade que fica do amigo do coração
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O colunista Jota Oliveira, amigo muito querido, brilhou durante anos nas páginas da Tribuna do Norte.
Polêmico, fazia e desfazia amizades.
No meio jornalístico, sempre tão cheio de altos e baixos, me orgulho de ter permanecido como a "amiga do coração", como ele chamava desde os tempos em que era auxiliar do colunista Jota Epifânio, também morto assim, repentinamente, numa passagem de ano.
Ao contrário de muitos colegas de profissão, nunca travei uma discussão sequer com Oliveira.
Ele me ouvia.
Me ligava sempre que se via envolvido em algo desagradável, em embates com "coleguinhas" como se referia a outros colunistas.
E meus 'conselhos' eram sempre em torno de paz. De silêncio. De não dar as respostas das quais ele não abria mão.
Era teimoso.
Era do meu coração e vai continuar sendo.
Com ele me diverti muito. Em suas festas, em outras festas, nos Carnatais, nas farras gastronômicas que costumávamos fazer quando ele ainda vestia 56...
Estive com Oliver quando ele era gordo, quando ele ficou magro, quando ele foi assaltado e agredido, quando ele perdeu Jota Epifânio, quando ele assumiu a coluna da Tribuna do Norte em definitivo, quando ele perdeu a mãe, quando festejou a vida, quando dividiu os lucros de suas festas com o setor de Aids do Hospital Gizelda Trigueiro...
Com ele estive quando resolveu passar de colunista para jornalista profissional, e me ligava da UnP em plena prova do curso de Jornalismo.
Eu grávida e dormindo cedo, era acordada para tirar dúvidas de Oliveira. Muitas vezes "fiz" prova com ele.
Me ligava até mesmo para escrever uma nota a quatro mãos. Duas ideias.
Estive ao lado dele quando ele perdeu a Tribuna do Norte. Quando ele perdeu o chão.
Permaneci com ele quando ele não era mais o queridinho da sociedade.
Fui dos poucos amigos a brindar em seu apartamento o retorno dele às páginas, como colunista do Novo Jornal.
Uma missa seguida de lanche para poucas pessoas.
Ultimamente Jota Oliveira travava uma briga judicial contra a Tribuna do Norte.
Não queria nada. Queria apenas provar para a sociedade que foi demitido por perseguição política.
Que perdeu o emprego por ter festejado a vitória do governador Robinson Faria ao derrotar o então candidato Henrique Alves, dono da Tribuna do Norte.
Oliveira me chamou para depor em seu favor. Foi difícil pra mim, bem difícil mesmo, lhe dizer um não.
O fiz por mensagem de celular, que ele não me respondeu.
A última vez que nos encontramos foi no dia 28 de dezembro, no almoço de confraternização com a imprensa oferecido pelo governador Robinson Faria.
Oliver me abraçou, sentou ao meu lado, disse que me compreendia.
E hoje foi embora sem me ligar para dizer tchau.
Dos tempos de sempre
E no nosso último encontro, a nossa última foto