11/01/2016
Empresas de Eduardo Cunha na mira do Ministério Público
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Da Folha: Empresa de Cunha fez operações suspeitas, diz Ministério Público AGUIRRE TALENTO MÁRCIO FALCÃO RUBENS VALENTE DE BRASÍLIA A Procuradoria-Geral da República informou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que uma das empresas na área de comunicação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e de sua mulher, a jornalista Claudia Cruz, realizou operações financeiras suspeitas e não tem funcionários registrados desde 2002. Os dados tratam da C3 Produções Jornalísticas que tem Cunha como sócio, sendo que a sua participação, o equivalente a R$ 840 mil, representa mais da metade de todo o patrimônio declarado pelo deputado federal à Justiça Eleitoral em 2014. Segundo relatório da Procuradoria obtido pela Folha, além de não ter funcionários, a C3 Produções foi objeto de três comunicações de transações suspeitas do Coaf (órgão de inteligência financeira vinculado ao Ministério da Fazenda) no valor total de R$ 268 mil entre dezembro de 2013 a novembro de 2014. "As comunicações foram motivadas pela realização de operações que, por sua habitualidade, valor e forma configuraram artifício para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou beneficiários finais", afirma o o Ministério Público. De acordo com os investigadores, foram identificadas em dezembro de 2013, por exemplo, 13 transações fracionadas no total de R$ 128,7 mil e, em junho de 2014, outras oito transações fracionadas no valor de R$ 79,9 mil, "configurando tentativa de burla aos controles estabelecidos" pelo Banco Central, segundo a Procuradoria. Cunha também é sócio da Rádio Melodia e da Jesus.Com, firma que atuaria na área de comunicação. Os procuradores da República afirmam que no mesmo endereço da C3 está situada outra empresa de Claudia Cruz, a Jesusweb, cujo nome de fantasia é "Fé em Jesus", também sem registro de empregados. A mulher de Cunha possui ainda a EJR Decorações e uma participação na Jesus.Com. A Procuradoria também cita no documento que "há notícia de que Eduardo Cunha possui padrão de vida bastante superior ao dos bens declarados" e se hospeda em hotéis bastante caros, como o Emiliano, em São Paulo, pagando diárias de R$ 7,5 mil durante viagens internacionais. Os investigadores dizem ainda que o peemedebista possui "frota de carros generosa", como dois Porsche Cayenne, um dos quais avaliado em R$ 429 mil, e um Ford Edge, avaliado em R$ 120 mil. Os procuradores apontam que "o deputado e sua mulher apresentaram indícios de variação patrimonial a descoberto entre 2011 e 2014". A Folha revelou nesta semana que o aumento patrimonial incompatível com os rendimentos do presidente da Câmara e de sua mulher e uma de suas filhas soma R$ 1,8 milhão neste período, segundo dados da Receita Federal. OUTRO LADO O presidente da Câmara informou que seus advogados iriam se manifestar , mas a Folha não obteve resposta na noite de sexta (8). Em nota divulgada na sexta, Cunha disse que seu patrimônio apresentou perda de R$ 185 mil entre 2011 e 2014 e criticou "vazamento seletivo" de informações contra ele.