17/12/2015
Operação deflagrada hoje apura roubalheira na Petrobras desde governo FHC e manda prender ex-diretores já presos
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Da Folha: Ação da PF apura propinas da SBM em contratos da Petrobras desde 1997 GABRIEL MASCARENHAS MÁRCIO FALCÃO Brasília BRUNA FANTTI MARCO ANTÔNIO MARTINS Rio A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (17) uma operação que investiga desvios de recursos da Petrobras e pagamento de propinas desde 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso. O alvo da ação é a holandesa SBM Offshore, que segundo a PF, recebia repasses de contratos efetuados com Petrobras da ordem de 3 a 5%, dos quais 1 a 3% eram depositados em off shores no exterior. "Esse dinheiro retornava em forma de pagamento de propinas", informou a PF. Segundo a Polícia Federal, as investigações começaram antes da Operação Lava Jato, embora todos os seus alvos estejam relacionados à apuração de um esquema de corrupção na Petrobras. A PF prendeu preventivamente, em Angra dos Reis (RJ), o ex-funcionário da Petrobras Paulo Roberto Buarque Carneiro, que participava de uma das comissões de licitação da companhia. Um segundo mandado de prisão preventiva foi para o americano Robert Zubiate, que reside nos Estados Unidos. Neste caso, a Justiça brasileira vai negociar a prisão deste acusado com as autoridades americanas. Também houve mandados de prisão preventiva contra os ex-diretores da Petrobras Jorge Zelada e Renato Duque, ambos envolvidos na Lava Jato –e que já estavam detidos no Paraná por crimes investigados na Lava Jato. Na operação, chamada de Sangue Negro, são cumpridos ainda cinco mandados de busca, em residências dos investigados e em uma empresa do ramo de prospecção de petróleo. Os crimes investigados são sonegação fiscal, evasão de divisas, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro, entre outros. Em outra operação deflagrada também nesta quinta, a PF investiga uma fraude de R$ 180 milhões no Postalis, o fundo de pensão dos Correios. PROPINAS Em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, o lobista Julio Faerman, representante da SBM no Brasil, admitiu o pagamento de propina –ele citou a participação de seus superiores nesses pagamentos. Ainda não está claro, no entanto, que a operação desta quinta esteja no âmbito das investigações sobre o esquema de corrupção na Petrobras. Também em delação, o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco afirmou ter começado a obter pagamentos de vantagem ilícita da SBM entre 1997 e 1998. Barusco assinou delação tanto com a Operação Lava Jato como também com o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro. Pelas duas delações, acertou devolver US$ 97 milhões provenientes de corrupção. Já a delação premiada de Faerman prevê a devolução de US$ 54 milhões. A própria empresa SBM também negocia um acordo de leniência com a CGU (Controladoria-Geral da União), ainda não fechado, pelo qual escaparia da punição de ser impedida de contratar com órgãos públicos no Brasil. PLATAFORMAS A empresa holandesa constrói e opera plataformas de produção de petróleo ao redor do mundo. No Brasil há seis FPSOs, que são navios plataforma com condição de produzir e armazenar óleo. Cinco são contratados pela Petrobras e um pela Shell. A Petrobras estima que os contratos que fechou com a empresa somam US$ 27 bilhões. A SBM ainda negocia seu acordo de leniência com a CGU (Controladoria Geral da União), aberto em novembro passado. Em 12 de novembro, a SBM fechou acordo com as autoridades holandesas e aceitou pagar US$ 240 milhões para se livrar de punições na Holanda, em processo em que é acusada de pagar propina em contratos no Brasil e também em Angola e Guiné Equatorial. Em um comunicado de abril, a SBM havia informado oficialmente que pagou US$ 139,1 milhões a um representante no Brasil, mas que não encontrou provas que funcionários públicos receberam dinheiro.