04/12/2015
PMDB articula para Henrique deixar o Ministério do Turismo do governo Dilma para se integrar ao 'governo Temer'
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VALDO CRUZ, MARINA DIAS e DANIELA LIMA (DE BRASÍLIA)
CÁTIA SEABRA (DE SÃO PAULO)
Um dos principais aliados do vice-presidente Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) vai deixar o governo.
O peemedebista tentou entregar sua carta de demissão ao ministro Jaques Wagner (Casa Civil) na noite desta quinta-feira (3), mas, segundo aliados, Padilha não foi nem mesmo recebido pelo braço direito da presidente Dilma Rousseff.
Segundo a Folha apurou, Padilha então protocolou a carta de demissão no Palácio do Planalto –amigos do ministro dizem que a decisão é irrevogável.
De acordo com aliados do ministro da Aviação Civil, o motivo oficial para a demissão foi uma nomeação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Padilha queria indicar um aliado mas, depois de fazê-lo, viu a Casa Civil revogar a nomeação após reclamações.
Padilha é o primeiro aliado de Temer a deixar o governo após a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
TURISMO
A ala pró-impeachment do PMDB, ligada ao vice-presidente, trabalha agora para convencer o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a deixar o governo.
Na avaliação dessa ala da legenda, a saída de Henrique Alves seria um movimento coerente com a ligação pessoal que o ministro e o vice-presidente têm há anos.
Essa articulação ganhou força após o anúncio da saída de Padilha.
Aliados do vice-presidente afirmam que as conversas com Henrique Alves devem acontecer ao longo do dia. O ministro não está em Brasília. Embarcou logo cedo para Natal.
REAÇÃO
O presidente do PT de São Paulo, Emidio de Souza, afirmou que a saída do ministro "não é um bom sinal" para o governo Dilma.
Na avaliação de petistas, Padilha sai para articular em favor do impeachment para que o vice-presidente, Michel Temer, assuma o cargo. Seu papel seria negociar com partidos cargos num eventual governo de Temer.
O assunto caiu como uma bomba, nesta sexta, numa reunião da maior corrente política do PT: a CNB. Durante a reunião foram feitos informes com notícias discrepantes. Houve quem dissesse que a saída de Padilha não está confirmada.
"Não é um bom sinal. Mas é o que temos para o almoço", disse Emidio, ao deixar a reunião.
O líder do PT na Câmara, Sibá Machado, afirmou que entende a saída de Eliseu Padilha como decisão pessoal. "Temos uma aliança com o PMDB. Não há decisão do partido".
Ele comparou o momento às crises que levaram ao suicídio de Getúlio Vargas e ao golpe de 1964. "O que está sendo colocado é o pior da história política do Brasil. Aconteceu com Getúlio, com o João Goulart e querem repetir com Dilma", disse.