02/12/2015
Estratégia para dar sobrevida a Cunha é focar na meta fiscal
[0] Comentários | Deixe seu comentário.De Ricardo Noblat, n'O Globo Online: Governo trabalha para salvar Eduardo Cunha Ricardo Noblat Se não faltar quórum, logo mais, para que o Congresso vote a mudança da meta fiscal de 2015, o Conselho de Ética dificilmente se reunirá hoje, como ficou marcado, para decidir se admite a abertura de processo para cassar o mandato do deputado Eduardo Cunha por falta de decoro. Nenhuma comissão técnica ou conselho da Câmara e do Senado pode funcionar enquanto o Congresso delibera. Nesse caso, o provável é que a sorte de Eduardo só seja definida na próxima semana, possivelmente na terça-feira. Amanhã é dia dos parlamentares voarem para seus Estados. Segunda-feira eles começam a chegar de volta a Brasília. O adiamento da reunião do Conselho de Ética não será mal para Eduardo. Nem para o governo. Eduardo ainda não tem os 11 votos do Conselho necessários para derrubar o relatório que recomenda a aceitação da abertura de processo contra ele. São 21 votos no total. Um deles do presidente que só vota em caso de empate. O governo ainda não garantiu os três votos do PT para favorecer Eduardo. Sim, porque é isso o que o governo quer e se empenhou em obter ontem. Se depender dele, o PT no Conselho salvará Eduardo do pior em troca da promessa dele de arquivar qualquer pedido de impeachment contra Dilma. Brasília assistiu um fato inusitado: de um lado, o governo brigando em favor de Eduardo; do outro, parte do PT, à frente seu presidente Rui Falcão, brigando contra Eduardo. Enquanto ministros, orientados por Dilma, pediam por Eduardo junto aos três deputados do PT no Conselho, Rui e outros deputados pediam contra Eduardo. Não se descarta a hipótese de que tenha sido um jogo combinado pelas duas partes. O movimento feito por Rui e pela maioria da bancada do PT na Câmara poderia ser apenas uma maneira de dar alguma satisfação às chamadas bases do partido que cobram a punição de Eduardo. Prevaleceria, no final, a posição do governo. Assim como o governo desconfia que Eduardo poderá trai-lo mais adiante aceitando a abertura do impeachment mesmo depois de ter sido ajudado por ele, Eduardo desconfia que o governo finge ajuda-lo para mais tarde abandoná-lo na hora da votação. Um ministro, pelo menos, aconselhou Dilma a pagar para ver. Como seria isso? O governo liberaria os três deputados do PT para que votassem contra Eduardo. E se depois, para retaliar, Eduardo aceitasse a abertura do processo de impeachment, o governo bateria às portas da Justiça e tentaria reverter a decisão dele. Se não conseguisse, iria simplesmente para o confronto no plenário de Câmara, tentando ganhar ali. Não seria arriscado? Seria. Mas o que não dá mais é seguir convivendo com o fantasma do impeachment que paralisa o governo e influencia todas as suas decisões de Dilma.