26/10/2015
A Argentina é o Rio Grande do Norte (?)
[0] Comentários | Deixe seu comentário.A Argentina é o Rio Grande do Norte? O sobrenome Kirchner, sempre comandando os rumos do país, começa a sair de cena. O segundo turno nas eleições realizadas ontem foi provocado pelo candidato adversário, que obteve quase a mesma quantidade de votos do candidato da presidente, e desponta como franco favorito a se eleger presidente. O desconhecido... A Argentina é o Rio Grande do Norte? Do El País Scioli ganha, mas Macri é o favorito para o segundo turno na Argentina O candidato peronista sofre para conseguir dez pontos de diferença sobre o liberal Macri CARLOS E. CUÉ Buenos Aires Reviravolta total numa longuíssima noite eleitoral na Argentina. Com 95,55% dos votos apurados, Mauricio Macri ofereceu uma enorme surpresa, que nenhuma pesquisa previu, e quase superou Daniel Scioli, o candidato apoiado pela presidenta Cristina Fernández de Kirchner. Scioli obteve 36,6% dos votos, contra 34,5% de Macri. Quase um empate técnico, uma enorme derrota para o peronismo oficial, que esperava vencer no primeiro turno das eleições argentinas e agora vê como muito provável uma derrota no inédito segundo turno de 22 de novembro. Apesar do primeiro lugar, o golpe para Scioli e para o Governo de Cristina Kirchner é duríssimo. Macri se torna agora, surpreendentemente, o favorito para assumir a presidência argentina, o que seria uma guinada radical após 12 anos de kirchnerismo. A vitória de Macri teria consequências regionais muito importantes, pois a Argentina dos Kirchner era um dos pilares do crescimento da esquerda latino-americana, junto com Lula, Hugo Chávez e Evo Morales, além de incorporações posteriores como a do equatoriano Rafael Correa. O peronista dissidente Sergio Massa somou 21,1%, confirmando ou até melhorando os resultados das últimas pesquisas. Isso é ainda mais grave para o kirchnerismo, pois significa que Macri roubou votos de Scioli e obteve todos os votos novos que se incorporaram depois das primárias. A participação aumentou sete pontos percentuais. O peronismo sofreu outra derrota dramática: perdeu a província de Buenos Aires, onde concorria com um candidato estrela e muito polêmico, o chefe de Gabinete de Kirchner, Aníbal Fernández. Venceu uma política desconhecida até poucos meses atrás, María Eugenia Vidal, aliada de Macri. O kirchnerismo duro pretendia se refugiar na província de Buenos Aires, e agora perdeu o poder também por lá. A batalha que se anuncia agora dentro do peronismo será duríssima. Alguns contra Aníbal Fernández e os kirchneristas, e outros contra Scioli e sua estratégia, que não teve êxito. Os sciolistas também contra a presidenta, que ditou os rumos da campanha de Scioli a todo momento e definiu suas listas de candidatos, além de impor o nome do seu mais fiel seguidor, Carlos Zannini, como companheiro de chapa de Scioli. Os peronistas só têm uma possibilidade para conservar o poder, que é obter uma ampla maioria dos votos de Massa – algo muito difícil. A sensação de desolação no Luna Park, a sede da noite eleitoral sciolista, era absoluta. “Os institutos de pesquisa, os governadores, todo mundo nos enganou. Agora é hora de mudar a estratégia”, lamentava-se um dirigente na área VIP, lotada de celebridades que costumam acompanhar Scioli, mas que foram embora ao primeiro sinal de maus resultados. “Precisamos agrupar todos os peronistas, não é possível que Macri inaugure uma estátua de Perón e nós continuemos fazendo atos pequenos para os focus group”, criticava outro político.