15/09/2015
Empresário da UTC Ricardo Pessoa diz a procuradores que negociou caixa 2 na casa de Mercadante
[0] Comentários | Deixe seu comentário.E o ministro chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, que até que tinha conseguido escapar da Lava Jato, parece que agora vai se enrolar...mas claro que ele morre negando qualquer coisa que se diga contra ele... Leia matéria do Valor Econômico: Lava-Jato: Ricardo Pessoa diz que acertou doação na casa de Mercadante Maíra Magro e Letícia Casado | Valor BRASÍLIA - O empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, afirmou em delação premiada que o ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante participou de acerto de “caixa dois” para sua campanha ao governo de São Paulo em 2010. Também estaria presente à reunião, Emídio de Souza, presidente do PT paulista, que teria solicitado doação oficial de R$ 250 mil e o restante em espécie, segundo Pessoa. Em depoimentos ao Ministério Público na Operação Lava-Jato, Pessoa disse que participou de reunião na casa de Mercadante no bairro Alto de Pinheiros, em São Paulo, para acertar a doação de R$ 500 mil. O valor teria sido pedido por Emídio, pago em dinheiro e teria saído “do caixa dois do Grupo UTC”, de acordo com o empresário. Na ocasião estava também João Santana, presidente da Constran, braço do grupo UTC. Mercadante lhe deu um livro de presente na ocasião. Segundo Pessoa, ficou acertado que a doação seria de R$ 500 mil, sendo metade via “caixa dois”. “Emídio solicitou ao declarante que fizesse a doação oficial no valor de R$ 250 mil e o restante fosse dado em espécie”, sendo que, os R$ 250 mil dados em espécie saíram “do caixa dois do Grupo UTC”. Pessoa disse ainda que “Mercadante presenciou o pedido de pagamento da parcela em espécie, mas não fez nenhum comentário” e Emídio “não explicou porque precisava da quantia em espécie”. Segundo Pessoa, os “valores de caixa dois foram viabilizados por meio do escritório de advocacia Roberto Trombeta”. Mercadante nega Por meio de nota, Mercadante negou qualquer pagamento de doação via caixa dois e reafirmou que já tinha tornado público um encontro que teve com Ricardo Pessoa, pedido pelo empreiteiro, e que “na oportunidade, não era ministro de Estado, mas senador e pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo, em 2010”. * “Na referida reunião, eu estava acompanhado do senhor Emídio de Souza, então coordenador de minha campanha. Não houve qualquer discussão de valores, tampouco solicitação de recursos de caixa dois por parte do coordenador de campanha. A contribuição oficial para campanha foi tratada em momento bem posterior pela coordenação de campanha e sem a minha presença. Na ocasião foi informado da disposição do senhor Ricardo Pessoa em contribuir com o valor de R$ 500 mil, em duas parcelas iguais, respeitando a legislação eleitoral”, diz o ministro em nota. Emídio de Souza disse que as declarações de Pessoa são “mentirosas” e “esdrúxulas”. Disse ainda que participou da reunião, mas que não era para tratar de doação eleitoral e que conheceu pessoa naquele dia. “A mentira não pode prevalecer”, disse Emídio ao Valor. Segue a íntegra da nota do ministro Aloizio Mercadante: 1. Desconheço o teor da delação premiada do senhor Ricardo Pessoa, pois o pedido que formulei em junho ao Supremo Tribunal Federal para obter acesso não foi deferido. O que há são informações veiculadas pela imprensa, cujo acesso aos dados sigilosos e à forma de divulgação não me cumpre julgar. 2. Assim que foram veiculadas pela imprensa essas informações, vim a público e confirmei, inclusive em coletiva à imprensa, a existência de um único encontro com o senhor Ricardo Pessoa, por sua solicitação. Na oportunidade, não era ministro de Estado, mas senador e pré-candidato ao governo do Estado de São Paulo, em 2010. 3. A reunião, como já afirmei em mais de uma oportunidade, ocorreu em minha residência pelo fato de me encontrar convalescendo de uma intervenção cirúrgica. O Senhor Ricardo Pessoa estava representando as empresas de seu grupo econômico, a UTC e a Constran, acompanhado de um dirigente dessa empresa, que possui participação em grandes obras no Estado de São Paulo, a exemplo de metrô, pontes, rodovias, grandes obras viárias, entre outras. 4. Na referida reunião, eu estava acompanhado do senhor Emídio de Souza, então coordenador de minha campanha. Não houve qualquer discussão de valores, tampouco solicitação de recursos de caixa dois por parte do coordenador de campanha. A contribuição oficial para campanha foi tratada em momento bem posterior pela coordenação de campanha e sem a minha presença. Na ocasião foi informado da disposição do senhor Ricardo Pessoa em contribuir com o valor de R$ 500 mil, em duas parcelas iguais, respeitando a legislação eleitoral. 5. Assim, a tese de caixa dois é absolutamente insustentável, uma vez que são exatamente R$ 500 mil os valores declarados, em 2010, e devidamente comprovados em prestação de contas à Justiça Eleitoral, inclusive já aprovada sem qualquer ressalva. Os dados, a propósito, são públicos e podem ser consultados por qualquer interessado: A- UTC, por meio de uma única contribuição, em 27 de agosto de 2010, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme recibo eleitoral nº 13001092079; e B- Constran Construções, por meio de uma única contribuição, em 29 de julho de 2010, devidamente contabilizada e declarada à Justiça Eleitoral, no valor de R$ 250 mil reais, conforme recibo eleitoral nº 13001092017. 6. Como sempre, coloco-me à inteira disposição das autoridades competentes para prestar os devidos esclarecimentos e auxiliar em eventual processo investigatório. Tenho certeza que todas as questões serão devidamente esclarecidas, pois mantenho minha confiança na condução dos trabalhos pelo Ministério Público Federal e Supremo Tribunal Federal.