28/01/2015
Em entrevista ao Blog, futuro secretário de Saúde de Natal fala em concurso público e reabertura da Maternidade Leide Morais
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Secretário de Saúde do Estado nos últimos anos, o médico intensivista Luiz Roberto Fonseca assumirá no dia 2 de fevereiro o mesmo cargo, porém, em nível de município.
O convite partiu do prefeito de Natal, Carlos Eduardo.
Em sua primeira entrevista depois do convite confirmado e anunciado, Luiz Roberto diz ao Blog como deverá atuar na pasta municipal.
E anunciou para breve a reabertura da unidade de Saúde Leide Morais, e a realização de cum concurso público.
Eis a entrevista exclusiva ao Blog:

Thaisa Galvão - Você foi convidado pelo prefeito Carlos Eduardo para ser secretário de Saúde do Município. Mas, antes do convite oficial, já se falava que você iria para a SMS. O que ocorreu para que se levantasse esse assunto, alguma conversa com o prefeito ou interlocutor?
Luiz Roberto Fonseca - Não. Nunca conversei com interlocutores ou mesmo com o prefeito Carlos Eduardo sobre essa possibilidade que não tenha sido no momento do convite efetivo, que se deu depois que o secretário Cipriano Maia ratificou sua disposição em regressar à vida acadêmica, no início do mês de janeiro. Estou trabalhando com gestão publica há 12 anos, e acredito ser natural ter o nome lembrado para ocupar cargos públicos.
Thaisa Galvão - E como foi o convite?
Luiz Roberto Fonseca - O convite foi feito pelo próprio prefeito Carlos Eduardo, em uma reunião com a presença do atual secretário do Município, Doutor Cipriano Maia, na sede da Prefeitura. Já havia alguma especulação na imprensa, mas o convite efetivo ocorreu nesta oportunidade, precisamente na terça-feira , dia 20/01/2015. Inclusive a chancela do meu nome pelo prefeito, aliado à boa recepção por Doutor Cipriano, tiveram um efeito motivador na minha decisão, pela admiração e apreço que tenho pelo trabalho desenvolvido pelo secretário, e por apreciar o estilo de Gestão Publica adotada pelo prefeito.
Thaisa Galvão - O que ficou acertado entre você e o prefeito?
Luiz Roberto Fonseca - Não houve necessariamente um acerto com o prefeito. Na verdade foi uma conversa, onde abordamos pontos nevrálgicos da gestão pública em saúde como déficit de recursos humanos e necessidade premente de concurso público, remuneração de servidores, conclusão de obras e ampliação de ofertas de serviços e leitos, a ausência de um serviço hospitalar próprio do município, a necessidade da ampliação da cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF), entre outros. Também conversamos sobre avanços conseguidos na gestão do atual secretário, e que foram muitos.
Thaisa Galvão - Como é sua relação com o ainda secretário Cipriano Maia?
Luiz Roberto Fonseca - Tenho uma relação excelente com Doutor Cipriano. De admiração e respeito. Doutor Cipriano foi meu professor na UFRN, na disciplina de Saúde Coletiva. Durante esse último um ano e nove meses em que eu estive à frente da pasta da Saúde Estadual e ele na Saúde Municipal, a necessidade do apoio mútuo em face da complexidade dos problemas inerentes à saúde pública, encarregou-se de estreitar ainda mais o convívio e o respeito entre nós. Cipriano tem um conteúdo de SUS muito vasto, e cada reunião acaba sendo uma aula.
Thaisa Galvão - Você já começou a conversar com Cipriano sobre a Secretaria?
Luiz Roberto Fonseca - Sim. Durante toda essa semana estamos trabalhando juntos. Ele disponibilizou-se, pessoalmente, bem como toda a sua equipe, para uma transição transparente, célere e com um impressionante senso de responsabilidade com a coisa pública, dele e de toda a equipe.
Thaisa Galvão - Como secretário do Estado você já sabia alguns problemas do Município, isso vai facilitar sua atuação?
Luiz Roberto Fonseca - Não necessariamente. A complexidade dos problemas da Saúde do Município, embora muitas vezes discutidos com o secretário Cipriano, se davam na mesma proporção que os problemas da Saúde do Estado lhes eram também apresentados, mas não se davam com a profundidade necessária para que fosse possível para um secretário de uma pasta fomentar conceitos sobre os problemas da pasta do outro. A Saúde Municipal tem responsabilidades bastante distintas das do Estado. Enquanto o foco do Estado está mais voltado para a média e alta complexidades, bem como na coordenação e apoio das políticas públicas por parte dos municípios, nestes outros o foco é, ou ao menos deveria ser, a saúde básica ou primária, a baixa e média complexidades, e a execução das políticas públicas.
Thaisa Galvão - Você já traçou alguns planos para a Saúde do Município? Pode revelar?
Luiz Roberto Fonseca - Não se pode assumir uma Secretaria com o grau de complexidade e responsabilidade que a saúde pública tem, sem que se faça um planejamento. Eu, efetivamente, não tive tempo suficiente para fazê-lo como desejaria. Um grande facilitador é que Doutor Cipriano é muito organizado, um grande planejador, e que conseguiu deixar estabelecidos eixos e diretrizes muito claros dentro de um plano estratégico para a Saúde. Não adianta querer inventar a roda, desprezar tudo o que foi feito até o momento e querer reiniciar tudo do zero. O planejamento foi muito bem feito pelo atual secretário e equipe, e o desafio será colher os frutos adequadamente de tudo que foi plantado até agora. Claro que existem desafios, relacionados em especial com a questão do financiamento da saúde pública, e o cenário macro econômico a nível federal, que poderá, em algum grau, culminar com uma menor capacidade de apoio por parte do Ministério da Saúde, sem falar que Estado e Municípios passam também por essa mesma situação de escassez de recursos financeiros. Mas, não se pode adotar uma postura "coitadista" e deixar de estabelecer metas ousadas, contanto que sejam factíveis. Pretendemos chegar ao final do ano com a conclusão das UPAs que encontram-se em construção, uma na zona Norte e a outra no Planalto, bem como de várias obras de reconstrução, reestruturação e reforma de unidades básicas de saúde. A maternidade Leide Morais está praticamente com sua reforma conclusa, e o desafio será no mais curto intervalo de tempo possível recolocá-la em funcionamento. Queremos manter aberta a discussão com a mesa de negociação permanente do SUS, junto aos servidores, para que de forma transparente, as necessidades dos servidores sejam contempladas dentro das possibilidades concretas do Município. Temos que realizar ainda esse ano, sendo essa talvez a demanda mais premente, o concurso público para a Saúde Municipal. Natal precisa avançar de forma concreta no sentido de ter um hospital de referência para pacientes crônicos, com leitos de terapia intensiva, leitos de pediatria para internação e bloco cirúrgico para cirurgias eletivas de média complexidade, gerais e ortopédicas. Teremos que discutir a questão da carreira médica de forma que haja atratibilidade a esses profissionais de participarem dos concursos públicos, sob pena de aumentar, e muito, a já presente dependência do município de contratação de profissionais médicos quase que exclusivamente por cooperativas, o que fere os preceitos do SUS, em que estas contratações deveriam seguir a lógica de complementaridade, e não substitutiva. Com o concurso, e a adesão do Município à nova fase do Provab/Mais Médicos, incrementar a cobertura populacional das equipes de Estratégia de Saúde da Família, bem como focar na prevenção através da atuação das vigilâncias em saúde, e da promoção da saúde primária. Vamos buscar de forma incessante estreitar as relações com a Sesap, na pessoa do secretário Ricardo Lagreca, que também foi meu professor, e por quem nutro igual admiração e apreço, pois existe uma série de pontos que convergem para um interesse comum de ambas as Secretarias, e que numa ação dissociada dificilmente teremos êxito.
Thaisa Galvão - Ficou acertado que você assume quando?
Luiz Roberto Fonseca - A princípio assumo no dia 02/02, mas essa é uma decisão que compete muito mais ao prefeito Carlos Eduardo em comum acordo com o secretário Cipriano