25/12/2014
Para Rosalba, deixar recursos garantidos para saneamento são a grande satisfação pessoal de sua gestão
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Terminado o café da manhã, a conversa seguiu na mesa ao lado da arvore. Próxima de uma cadeira relaxante onde a governadora vê o mar, e de onde pode observar o prédio vizinho.
É exatamente esse vizinho que a partir de primeiro de janeiro se transformará no cenário do poder. No prédio ao lado do que mora Rosalba, moram o governador-sucessor Robinson Faria e o prefeito de Natal, Carlos Eduardo.
Uma parte mais administrativa da entrevista, onde ela fala das medidas antipáticas que teve que tomar na gestão, antipáticas, inclusive, para os políticos, e onde fala da seca, sua maior adversária, e no desejo que tinha de continuar a gestão por mais 4 anos.
Thaisa Galvão – Era assim que você queria, sair do governo assim...
Rosalba Ciarlini – Não, claro que não era, eu gostaria de ter podido ter a oportunidade de ter sido, primeiro de mostrar para as pessoas, explicar no momento, que era o momento mais oportuno (uma campanha política), com tempo e com espaço, para poder as pessoas entenderem tantas e tantas medidas que foram necessárias, ações, as adversidades que enfrentamos, porque além de tantos problemas no dia-a-dia nós tivemos que enfrentar, praticamente o mandato todo, a maior seca do século. Mas, eu tenho hoje um sentimento de que muito foi feito, não faltou força, não faltou energia, não faltou vontade, enfrentando as adversidades, superando os obstáculos, e tomando, às vezes, decisões que eram até impopulares ao político, mas que eram necessárias para o futuro do Rio Grade do Norte. Vou dar aqui um exemplo: quando nós tivemos que tomar uma medida para o funcionalismo, extremamente antipática, o ponto eletrônico. Mas precisava, pra saber, realmente quantos somos, onde estamos e o trabalho que cada um desempenhava. A medida que tomamos de convocar aqueles que estavam numa área de conforto, cedido, sem trabalhar, mas que precisava estar em sala de aula porque o aluno estava precisando de professor.... Medidas como o ajuste fiscal que muitas vezes tivemos que dar muitos ‘nãos’, mas em benefício do Rio Grande do Norte, para o Estado poder voltar a ter credibilidade, ter condições de fazer um programa como o RN Sustentável, o maior da história do Rio Grande do Norte de financiamento, com a visão do desenvolvimento, do combate à pobreza, às desigualdades regionais, e essa parceria com o Banco Mundial, o tempo vai mostrar. Porque a gente fala muito, Pernambuco, Ceará, mas esses dois estados já trabalhavam, há décadas, muitos trabalhos de desenvolvimento exatamente com o Banco Mundial. Somente agora estamos nesse caminho.
Thaisa Galvão – Isso vai ser uma marca do governo Rosalba?
Rosalba Ciarlini – Uma coisa eu quero lhe dizer. São muitas marcas, agora tem uma que daqui a uns anos, não vão nem saber quem fez, mas eu não tenho essa vaidade, mas que eu vou estar, interiormente satisfeita, feliz de ter podido fazer essa ação tão vigorosa para o nosso Estado, que é o saneamento básico. Quando terminarem todas as obras de Natal, que eu vir a nossa capital, essa cidade que eu amo, que é linda, totalmente saneada, sem esgotos na rua, sabendo que com isso a saúde melhora, o lençol freático voltar a ser limpo, despoluído, saber que estamos contribuindo para despoluir o nosso rio, onde esgotos são jogados, então isso pra mim vale tudo.
Thaisa Galvão – Isso pode ser considerado como o que deu certo no governo Rosalba?
Rosalba Ciarlini – Muitas outras coisas deram certo. Realizações como a barragem de Oiticica, que há anos e anos era um sonho que os governos tentavam começar, mas que não ia adiante, e hoje é uma obra a todo vapor.
Thaisa Galvão – Mas a barragem de Oiticica parece ter outros padrinhos, outros pais. Onde entra a governadora Rosalba Ciarlini aí?
Rosalba Ciarlini – Olhe...aconteceu no nosso governo. Tá aí pra todo mundo ver. Claro que eu procurei juntar apoios, porque é responsabilidade de todos, mas a condução foi minha.
Thaisa Galvão – O que a senhora acha que não deu certo no governo?
Rosalba Ciarlini – Thaisa...nós tivemos muita dificuldade, até de melhor informar, esclarecer, chegar à população, todo esse esforço que foi feito. Por exemplo, nós fizemos ajuste fiscal, tornamos o Estado adimplente, numa luta imensa, mas é o tipo da ação que não aparece porque não é de pedra e cal, mas deu tão certo que somos hoje reconhecidos pelo Tesouro Nacional e pela mídia nacional, como o segundo estado menos endividado. Agora tinham ações que eu gostaria de ter feito, e que, em função da burocracia que emperra, de problemas que surgiram alheios à nossa vontade, exemplo é o Hospital de Traumas. Estamos com o projeto pronto, o orçamento pronto, todo modelo da PPP foi feito e, por que é que não começamos? Porque emperrou na hora que na área escolhida, bem localizada, havia uma ação trabalhista de funcionários da Datanorte, julgada contrária ao governo, então ficamos em busca de outra área, mas vamos deixar para o próximo governo tudo encaminhado, porque o tempo de fazer projeto, orçar, montar toda a engenharia de uma PPP somou mais de dois anos, então o próximo governo já vai ter esse ganho, precisa só da localização. Lembra que o hospital foi apresentado à imprensa? Pelo projeto era para, na Copa, já estar com 50% prontos. Mas como não conseguimos fazer o hospital, trabalhamos em outra frente que representou, se você juntar tudo, até um novo hospital. Ampliamos o número de leitos de UTI, hoje são mais 60, e mais 120 leitos de retaguarda clínica. Isso significa um hospital de mais de 200 leitos, só que divididos em várias unidades. Eu queria que as obras de saneamento estivessem concluídas, mas teve um processo burocrático muito grande, mas mesmo assim, deixamos 1 bilhão e 400 milhões já contratados, ordem de serviço dada, os recursos ouvindo a conversa, para deixar, não somente Natal 100% saneada, mas o Rio Grande do Norte, ao término do projeto, com 80% da população sem esgotos.