11/07/2014
Eduardo Campos: "A campanha tem que ser limpa para o governo ser limpo. Tem que ser pobre para o governo ser justo"
[0] Comentários | Deixe seu comentário.E foi no almoço self-service do restaurante Piazzalle, no Midway Mall, em Natal, que o presidenciável Eduardo Campos (PSB) disse ao Blog que não vai admitir corruptos na sua gestão; e que continua sem querer o ex-presidente Sarney e o presidente do Senado Renan Calheiros no seu governo.
Disse também que vai trabalhar para reduzir a carga tributária no Brasil, e ainda apostou no placar para Brasil e Holanda neste sábado.
Uma 'exclusiva' ao Blog depois de comer paçoca, vatapá..."comida de sustança, para se segurar em pé".
Thaisa Galvão – O que você acha que está mais errado no Brasil hoje e que você tem vontade de consertar?
Eduardo Campos – O Brasil parou, a inflação bateu na porta, de volta, do assalariado brasileiro, os juros estão lá em cima... No momento em que o brasileiro mais está endividado o juro foi lá pra cima, então nós precisamos botar o Brasil no rumo do desenvolvimento econômico com distribuição de renda, senão quem paga mais caro essa conta é o Brasil mais frágil, que é o Brasil do Norte, do Nordeste brasileiro, o Brasil mais vulnerável. Uma outra coisa errada no Brasil é exatamente a divisão do Brasil nessa base do nós e eles. Nós precisamos unir o Brasil em torno de uma agenda de desenvolvimento sustentável, da renovação das práticas políticas, de uma agenda que insira o Brasil no século 21 pra que a gente aproveite a janela demográfica que temos, Seremos durante 20 anos ainda um país jovem, e é nessa hora que a gente tem que fazer exatamente as mudanças para o tempo em que o Brasil não será um país tão jovem assim. E a mudança mais central que precisamos fazer é a qualidade na educação pública. Nós conseguimos fazer universidades públicas melhores do que as universidades particulares. Chegou a hora de fazer as escolas, da creche ao ensino médio, públicas de qualidade para reduzir as desigualdades, melhorar a produtividade da economia e fazer um país muito mais harmônico e feliz no futuro.
Thaisa Galvão – Os candidatos, e principalmente a presidente Dilma Rousseff, não tem falado num assunto que tem quebrado o brasileiro: a carga tributária. Quem vai aos Estados Unidos, por exemplo, que faz compras, se sente roubado quando vai repetir as mesmas compras no Brasil. Seu plano de governo tem essa preocupação?
Eduardo Campos – Eu tenho um compromisso de ser o primeiro presidente da República, desde a redemocratização pra cá, que não vai aumentar impostos. Que vai fazer a reforma tributária no primeiro ano de governo. Eu participei de todos os debates sobre reforma tributária nos últimos 20 anos no Brasil, conheço essa matéria. Vou fazer a reforma, vou implantar já em 2016, parte da reforma tributária, e vou fazer com que o país comece a reduzir a carga de tributos para poder fazer o crescimento econômico e gerar oportunidades de trabalho e renda para a sociedade. O Brasil só vai retomar o crescimento no ritmo que a gente precisa se tiver planejamento de longo prazo, regras seguras e um sistema tributário diferente do atual.
Thaisa Galvão – Corrupção: mal de todos os séculos. Tem jeito?
Eduardo Campos – Tem jeito sim. O primeiro jeito é o exemplo, segundo é não nomear corrupto para ser líder de equipe e para exercer cargos importantes, e isso só acontece quando a gente tem coragem de romper com a velha política. E essa coragem eu e Marina tivemos. Fazer uma campanha simples como estamos fazendo, pra poder fazer um governo que enfrente a corrupção amanhã. A campanha tem que ser limpa para o governo ser limpo. A campanha tem que ser pobre para o governo ser justo. É isso que nós vamos fazer.
Thaisa Galvão – Você deu uma entrevista à TV do portal IG dizendo que não queria no seu governo, nem o presidente do Senado, Renan Calheiros nem o presidente da Câmara, Henrique Alves. Mas, aqui no Estado, seu partido é aliado de Henrique. E no twitter você disse que no Rio Grande do Norte seu candidato é Henrique. O que foi que mudou?
Eduardo Campos – Eu falei com toda clareza que no nosso Governo as alianças não serão feitas com base no toma-lá-dá-cá. Então, quem votar conosco já sabe disso. Nós vamos fazer alianças com base em programa, como se faz na Alemanha, na França, na Inglaterra. Nós somos a sétima economia do mundo e não podemos ver essa situação que Dilma levou o Brasil, repartindo cargos em troca de tempo de televisão. E é claro que o lado conservador do PMDB, que se relacionou com o governo de Fernando Henrique e com o governo do presidente Lula e de Dilma, na base dos cargos como faz parte do PT, não terá espaço no nosso governo. Nós teremos um governo que haverá de ter sustentação na sociedade e no Congresso, com base em programa. Não vai ser na base do toma-la-dá-cá.
Thaisa Galvão – Então você continua firme sem Renan Calheiros e sem Henrique Alves no seu governo?
Eduardo Campos – Eu falei que o nosso governo não terá Sarney, não terá Renan, e isso eu falei com toda clareza, pelo que eles simbolizam na relação do PMDB com o Governo. Nosso Governo vai estar aberto a receber o apoio daqueles que tiverem convencidos do nosso programa. Agora, apoio no nosso governo não vai ser por troca de direção de banco, direção de Ministério, direção de agência reguladora, por direção de fundo de pensão. O Brasil não aguenta mais esse jeito de governar. Não tem como reduzir carga tributária se a gente não reduzir essas práticas de distribuir pedaços do Estado com os partidos políticos.
Thaisa Galvão – Muito se falou nos últimos dias que se o Brasil ganhasse a Copa seria muito bom para o governo da presidente Dilma, que iria faturar o resultado para ajudar na reeleição. Pensando assim...você gostou da reviravolta que tirou o Brasil da Copa?
Eduardo Campos – Torci pelo Brasil, muito, sempre torci. Acho que não tem absolutamente nada a ver a questão do futebol com a questão do governo e do Brasil real. Porque uma coisa é a seleçãoo brasileira quando entra em campo, seja de futebol, seja de voleibol, seja na natação, seja no basquete. A gente torce pelo Brasl, nós somos brasileiros, criamos nossos filhos aqui, tivemos de consolar os nossos filhos depois da derrotado Brasil, e eu que tenho filho pequeno. Mas, a gente sabe que uma coisa é estarmos todos unidos torcendo pelo Brasil, e outra é estarmos todos unidos torcendo pelo povo brasileiro. Agora é a hora do povo brasileiro entrar em campo para discutir a questão da mobilidade, a questão da habitação, a questão da saúde. Veja o caos da saúde que vive o Rio Grande do Norte hoje, quantas pessoas morrendo por falta de UTI. Veja o caos da violência urbana, que aumentou mais de 200% aqui. Essa é a Copa do povo, é essa agora que nós temos que discutir. E sobre elas nós temos ideias. E mais do que ideia, temos a prova de que sabemos fazer mudança, porque eu fiz isso como governador do estado de Pernambuco, quando fizemos ser o único estado que reduziu violência nos últimos anos quando fizemos com que o Estado tivesse o maior aumento de alunos de tempo integral no Brasil, proporcionalmente. Então são essas ideias e essa experiência que nós queremos colocar à disposiçãoo do Brasil.
Thaisa Galvão – Seu placar para Brasil e Holanda amanhã?
Eduardo Campos – Dois a um.
Thaisa Galvão – E no domingo, Argentina ou Alemanha?
Eduardo Campos – Vai ser um jogo duríssimo, e imprevisível o que vai dar. Quem ganhar vai ganhar por muito pouco.
Foto Márlio Forte