09/07/2014
Novos diálogos sobre venda de ingressos são divulgados e polícia vai pedir prisão preventiva de Ray Whelan
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Da TV Globo - Rio de Janeiro
O RJTV teve acesso a escutas telefônicas inéditas, gravadas com autorização da Justiça de conversas entre o inglês Raymond Whelan, CEO da Match, e o argelino Lamine Fofana, líder dos cambistas qyue atuaram durante a Copa. Segundo a polícia, alguns trechos mostram que eles costumavam se encontrar em hotéis. As escutas foram divulgadas nesta terça-feira (8).
Ray: Oi.
Lamine: Como vai você?
Ray: Estou bem, onde você está?
Lamine: Estou aqui no saguão, e você onde está?
Ray: Ok, eu estarei aí em dez minutos
Neste outro trecho, segundo os investigadores, os dois negociam a compra de ingressos da Copa:
Lamine: Alô
Ray: Oi, é o Ray
Lamine: Oi, Ray. Tudo bem. Ray, eu quero te fazer uma pergunta: qual a diferença entre skybox e private suite (camarote privado)?
Ray: É a mesma coisa, o problema é que não temos mais. Não tem nenhum sobrando, mas o valor das próximas fases, incluindo a final, será considerável.
Lamine: Estamos falando duas coisas diferentes agora. Vou falar com meu cliente hoje por volta das 17h para pegar o pacote do sétimo jogo, mas talvez a gente precise de vinte.
Ray: Eu posso fazer isso. No momento, tenho 24. Tenho eles em minhas mãos.
Lamine: Se você está com eles em mãos, posso te pagar diretamente, certo?
Ray: Isso vai custar muito dinheiro. São vinte e quatro vezes 25 mil dólares.
Lamine: Eu sei. Pago em reais ou em dólares?
Ray: Em dólares.
Prisão preventiva
Raymond Whelan não saiu do Hotel Copacabana Palace durante todo o dia.
A polícia afirmou que vai pedir a prisão preventiva dele nesta quarta-feira (9), quando conclui a primeira parte das investigações sobre o comércio ilegal de ingressos da Copa do Mundo.
Whelan é diretor da Match - a única empresa autorizada a vender os ingressos da Fifa desde a Copa das Confederações na África do Sul, em 2009.
De acordo com os agentes, Whelan agia com o argelino Mohamed Lamíne Fofana -- apontado como o chefe do esquema - e preso no Rio com outros dez acusados, na semana passada.
As investigações descobriram 900 registros de ligações, feitas nos últimos 20 dias, de Lamine Fofana para um celular da Fifa, usado por Raymond Whelam.
A polícia chegou até ele depois que a Federação Internacional de Futebol entregou a lista com todos os números de telefones oficiais e os nomes dos usuários de cada linha.
Os investigadores acreditam que Lamine Fofana recebia grande parte dos ingressos dentro do Hotel Copacabana Palace. A venda de ingressos Vips no mercado paralelo poderia movimentar milhões de reais durante o Mundial, de acordo com a polícia.
“Nós vamos agora relatar o inquérito, demonstrar ao juiz todas as evidencias que nós temos, a evidencia também é de que o Ray, diretor da Match estava passando os ingressos para o Fofana, e com a ciência de que o Fofana estava passando para terceiros”, disse o delegado Fabio Barucke.
O delegado disse ainda que já foram identificadas outras sete pessoas da mesma quadrilha. Raymond Whelan ficou menos de doze horas preso. Ele foi solto de madrugada, graças a um habeas corpus assinado pela desembargadora Marília Castro Neves Vieira, do plantão judiciário.
“Não há razão nenhuma pra prisão temporária, nem preventiva. Não há razão pra ele estar preso. A empresa tem contrato oficial com a Fifa e o que tá acontecendo é um completo absurdo”, disse o advogado de Ray, Fernando Fernandes.
Ao deixar a delegacia, o executivo da Match, seguiu num táxi para Copacabana e na chegada ao hotel, não falou com os jornalistas.
Durante entrevista coletiva nesta terça-feira, a porta voz da Fifa, Délia Fischer, disse que a entidade pediu explicações a Match sobre o envolvimento do executivo Ray Whelan no caso.
Segundo Delia Fischer, Ray não teria qualquer vínculo com a venda de ingressos porque trabalha para a Match no serviço de acomodações. A porta voz disse ainda que a Fifa está colaborando com as autoridades e que é preciso esperar a conclusão das investigações antes de tomar qualquer providência.