15/11/2013
Missas de Cura e Libertação: a polêmica da hora na igreja católica
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O tema é polêmico... Católicos tem frequentado, cada vez mais, as Missas de Cura. Em Natal, as igrejas que a celebram ficam sempre lotadas. Há relatos de pessoas que chegam ainda na madrugada para pegar um lugar sentado na igreja. E quem não chega tão cedo, para não ficar em pé, leva banquinhos de casa. É a fé de cada um naquilo que considera digno de acreditar. De aceitar. Mas, como a vida é uma polêmica, bispos colombianos começam a questionar as Missas de Cura e Libertação. Elas Curam de quê? E libertam de quê? O assunto começa a tomar conta de redes sociais. O bispo de Medellin, Ricardo Restrepo Tobon, um dos autores, dirigiu aos seus fiéis a mensagem transcrita a seguir, que sintetiza as principais idéias da Carta Pastoral. Mensagem esta que está sendo reproduzida e comentada pelo mundo afora: * As chamadas "Missas de cura" Depois de muita reflexão e cuidadoso discernimento, os Bispos das Províncias eclesiásticas de Medellin e de Santa Fé de Antioquia [englobam um total de 13 bispos e 10 dioceses] decidimos escrever a todos os sacerdotes, religiosos e fiéis de nossas dioceses uma Carta Pastoral Sobre as chamadas "Missas de cura". Vimos necessário uma orientação sobre iniciativas e eventos que foram se espalhando em algumas paróquias, que seguramente apresentam aspectos e procedimentos que não estão de acordo com a doutrina, a liturgia e a prática pastoral da Igreja. * Com o ambíguo nome de "Missa de Cura" (pois em todas as missas a Palavra e o Corpo de Cristo podem nos curar) se designa uma certa maneira de manipular a celebração desse Sacramento, com interesses diversos que vão desde as melhores intenções até a simonia [venda de bens espirituais]. É necessário evitar que este tipo de celebração se preste à exploração da emotividade, da necessidade de cura e da visão fantasiosa que algumas pessoas podem ter. Acima de tudo, nunca se pode aceitar que se faça negócio com o sofrimento das pessoas. * A Igreja sempre rezou e continua hoje a rezar para pedir o restabelecimento da saúde dos enfermos. O que preocupa é a introdução de certas formas e objetos na oração, e mesmo na liturgia, como que para pressionar a Deus e garantir aos que sofrem que receberão a graça suplicada. Algumas vezes se chega a uma espécie de oferta comercial de curas e de objetos "miraculosos" que as facilitam. Com isso se produzem graves confusões na comunidade, como a de atribuir a graça de Deus a pessoas, lugares, tempos e objetos especiais ou exclusivos. * Junto com as erroneamente chamadas "Missa de cura" também são promovidos exorcismos, unções, orações de libertação e outras práticas que alteram gravemente o sentido da vida sacramental da Igreja. Na realidade, através da catequese e de celebrações dignas, devemos procurar que tanto a Eucaristia como os sacramentos da Penitência e da Unção dos Enfermos, instituídos por nosso Senhor Jesus Cristo, ajudem com a graça de Deus às pessoas que precisam de auxílio espiritual. * Como o assunto é vasto e complexo, a partir dos ensinamentos dos últimos Papas e de outros documentos da Santa Sé quisemos escrever esta Carta Pastoral para dar uma instrução mais precisa e completa. Convido os sacerdotes a divulgar esta Carta e os fiéis a que a adquiram. Espero também que seja estudada em grupos e comentada. Acima de tudo, peço encarecidamente que seus ensinamentos sejam postos em prática. * A partir de agora deve ficar claro que devemos celebrar e aproveitar devidamente os sacramentos da Eucaristia, da Penitência e da Unção dos Enfermos; que para celebrar Missas nas quais se queira pedir de modo especial a cura dos enfermos se requer uma permissão por escrito do Bispo e que nelas fica proibido receber qualquer estipêndio ou oferta. Não podem ser mais admitidas formas degradantes de comércio, onde são vendidos serviços religiosos ou objetos benzidos ou onde de alguma forma se cobra para que os fiéis obtenham as graças de Deus. Ricardo Restrepo Tobon Arcebispo de Medellín