12/10/2013
Para secretário de Saúde, ao atribuir morte de paciente ao Estado, a Prefeitura de Natal "não quis reconhecer suas fragilidades na assistência hospitalar"
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Uma matéria feita pela InterTV Cabugi, veiculada na Globo, atribuindo ao Estado o que teria sido uma falha do Município, deixou o secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Fonseca, indignado, ao ponto de convocar a imprensa para esclarecer sobre a tal reportagem que abordou o falecimento de uma paciente na Unidade Mista de Saúde do bairro Cidade da Esperança, da Prefeitura de Natal, responsabilizando o ocorrido ao fato das macas do Samu Natal estarem presas no Walfredo Gurgel. O secretário explicou que, na realidade, a paciente deveria ter sido "imediatamente estabilizada na própria unidade do município de Natal" a que havia se dirigido, para depois aguardar a chegada do Samu, já que "em casos de parada cardiorrespiratória há apenas 50% de probabilidade do paciente se recuperar". Segundo o secretário, "índice que cai 10% a cada 1 minuto sem a assistência adequada, de modo que, dentro de um intervalo de 5 minutos, o quadro se torna irreversível". * O secretário também destacou a insuficiência de resposta, não apenas por parte do município de Natal, mas também dos demais do interior, quanto à prestação dos serviços de baixa e média complexidade, "o que é legalmente de competência destes". “Ao atribuir ao Governo do Estado o insucesso de uma reanimação, o município de Natal não quis reconhecer suas fragilidades na assistência hospitalar e a precisão de investimentos na melhoria de suas unidades e equipamentos. Hospitais como o Walfredo Gurgel, referência em traumatologia, vem ao longo dos anos sendo marginalizado e apontado como vilão da Saúde Pública quando na verdade é o sustentáculo da rede estadual, pois atende todos os tipos de ocorrências". * Para Luiz Roberto, "enquanto não houver uma responsabilização efetiva", por parte de todos os entes (município, estado e federação), com a cobrança para que cada um cumpra com aquilo que é o seu papel, ou seja, ao município o atendimento à baixa e média complexidade, ao Estado a alta complexidade e ao Ministério da Saúde o financiamento junto aos dois entes, "não será possível alcançar o patamar de dignidade que se deseja na assistência à nossa população". * “Não se prende macas do Samu pelo simples desejo de prender macas. Como ex-coordenador do Samu Natal e Samu 192 RN, por um período de oito anos, sei que a solução não é comprar macas e sim a cobrança de que cada ente cumpra à resposta do seu nível de complexidade”, disse o secretário, afirmando ainda que a capitaldo RN, que conta com quase 900 mil habitantes, "deveria possuir 4 Unidades de Pronto Atendimento (UPA)", como preconiza o Ministério da Saúde. * “O município deve reconhecer que precisa trabalhar com quatro Unidades de Pronto Atendimento, quando se está com apenas uma, e investir na construção de um hospital próprio, evitando que toda a sua demanda, de baixa e média complexidade, seja encaminhada aos hospitais do Estado, superlotando as unidades de referência”, disse o secretário.