22/06/2013
#opovoquerfalar: 'Os recados de uma massa consciente', por Robson Carvalho
[0] Comentários | Deixe seu comentário.#opovoquerfalar
De Robson Carvalho, cientista político, apresentador, blogueiro, rotariano, sobre a mobilização popular dos últimos dias, e dos dias que virão.
Os recados de uma massa consciente
Polícia recuada, comércio de portas fechadas, trânsito parado: este cenário proporcionou as vias livres para a presença do povo na rua. Assim, o Brasil viveu mais um dia de intensos protestos onde cada cidadão brasileiro teve a oportunidade de ir às ruas dizer por que está insatisfeito. Começou com a revolta do busão, onde o tema era a péssima qualidade e o alto preço dos transportes de massa. Mas diante de tantas reflexões que o Brasil precisa fazer outros temas foram surgindo através de criativos cartazes e gritos de guerra: Contra a impunidade, cartazes lembravam os casos do Mensalão e dos desembargadores que desviaram recursos públicos e foram premiados com gordas aposentadorias; contra a corrupção, predominaram os cartazes contra os altos gastos com a copa, sem os mínios sinais do prometido legado e contra a PEC 37 que retira o poder de investigação do Ministério Público; a favor dos direitos humanos, manifestações contra a aprovação do projeto da Cura Gay; a favor da educação e da saúde, estudantes universitários e secundaristas, além de funcionários públicos também somavam os seus gritos de angústia, em meio a milhares de manifestantes. As adormecidas reformas política, agrária e tributária também foram ecoadas pela multidão. No mais, o movimento ainda comportou temas diversificados como protesto contra o Truculento deputado José Adécio, problemas individuais, morosidade da justiça, demagogia dos políticos, categorias profissionais e funcionários públicos insatisfeitos e a luta por mais ciclovias, entre outros. À parte, chamamos atenção a um detalhe interessante de um movimento que foi constituído por uma massa consciente que se auto regulava, sem as amarras das tradicionais ligações com partidos políticos, organizações e movimentos sociais e sindicatos. Aliás, todos estes, que aparelhados pelo poder central, ao que parecia, já não representavam mais seus representados e assim foram duramente combatidos sobre a alcunha de oportunistas presentes a um legítimo movimento popular. Era visível no meio da multidão o sentimento de liberdade que abrilhantava o semblante das pessoas num protesto onde cada um tinha o seu próprio espaço para dizer o que precisa mudar. Mesmo sem a tradicional condução de líderes, o conjunto das reivindicações populares caminhava unido e a passeata tomava um rumo próprio e independente. A mobilização das pessoas via redes sociais, que muitas vezes repousava no plano do virtual, foi às ruas. E note-se que ainda há um grande número de pessoas que lá não estavam, justamente os mais excluídos da sociedade. Há uma massa, ainda silenciosa (ou silenciada?) que não esteve presente aos eventos. São aqueles que não possuem conexão com as redes, não sabem escrever cartazes e não possuem nem mesmo as condições financeiras para se deslocarem até os locais de concentração. É preciso ouvir a nação brasileira que já deixou inúmeros recados. Agora é agir e mudar os rumos do país que espera, com pressa, por respostas que venham não em forma de discursos, porque disso o povo já avisou que cansou, mas com ações concretas. Para isso, será necessário o rompimento com a tradicional política do toma lá dá cá, que em geral ocorre na relação de promiscuidade com o congresso nacional e as demais instituições que também foram alvo dos protestos. Por fim, este é um movimento fala de respostas e o povo, que fez a sua parte, aguarda de sobre aviso pelos resultados. Com a palavra, diante da nova questão nacional, a líder maior do Brasil: a presidenta Dilma, as instituições, os governos, os políticos...