04/10/2012
Reportagem do Bom Dia Brasil reforça apelo feito há 2 dias por advogada natalense
[0] Comentários | Deixe seu comentário.[caption id="attachment_52709" align="aligncenter" width="300" caption="Este é um dos mais de 2 mil medicamentos que aguardam autorização"][/caption]
Há dois dias publiquei aqui no Blog um apelo da advogada Ariadna Rocha Ribeiro Dantas, postado em seu instagram.
Vítima de câncer de mama, ela se submete a tratamento à base de um medicamento que tem apresentado sinais de eficiência, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa.
Ariadna, ao contrário da maioria dos pacientes que se tratam do mesmo problema, tem como conseguir o remédio, que assim como nos outros países, deveria chegar à rede pública brasileira.
Mas..o que falta para isso?
O apelo de Ariadna foi endereçado aos políticos e governantes.
Dos potiguares, nossos senadores - um é médico, Paulo Davim - e nossos deputados federais, bem que poderiam chamar atenção do Congresso para o problema.
Quem sabe...sem desvios, sem 20%, sem marmotas, o medicamento não estaria por aqui...
Mas a burocracia do nojo e do desprezo atrasa o país, tira vidas...
Hoje o Bom Dia Brasil, da TV Globo, exibiu reportagem mostrando que são muitos os medicamentos que aguardam autorização para chegar ao Brasil.
É a burocracia do nojo...
Eis a íntegra da reportagem:
REMÉDIOS AGUARDAM AUTORIZAÇÃO PAEA SEREM COMERCIALIZADOS NO BRASIL
Mais de dois mil remédios que não existem no Brasil e aguardam a liberação de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa
Giuliana Morrone
Mais de dois mil remédios aguardam liberação de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa. São medicamentos que podem salvar vidas e que não existem no Brasil, fundamentais nos tratamentos de muitas doenças. Representantes da indústria farmacêutica pediram para o governo mais atenção ao problema. A Anvisa prometeu apressar o processo de autorização.
Aos 17 anos, Priscila descobriu que tinha uma doença que afeta o sistema neurológico e vários órgãos. O tratamento é feito com um medicamento que não é vendido no Brasil. A importação é cara, burocrática e demorada. Quando estava na UTI, soube que o remédio chegaria em dois meses.
“A gente correu atrás, pediu emprestado de outro paciente. Ele emprestou para gente as quatro doses para controlar e quando a nossa chegou, a gente repôs. Se não fosse isso, acho que eu nem estaria viva”, conta Priscila Carvalho, paciente.
Esse medicamento é um dos que estão na lista de análise da Anvisa, que é quem autoriza a comercialização no país. O pedido de registro foi feito há dois anos e até agora não foi concluído. Sem o chamado Registro Sanitário, o medicamento não pode ser vendido ou fabricado no Brasil. Pelo menos dois mil estão na fila, e muitos são para doenças complexas.
De agosto do ano passado a agosto deste ano, a liberação mais rápida levou oito meses, segundo levantamento da Associação da Indústria Farmacêutica e de Pesquisa. “O Brasil, em termos de tempo, comparado com outros países da América Latina, é bem mais demorado. E comparado também com países da Europa, dois anos é um tempo muito longo”, afirma Pedro Bernardo, diretor da Interfarma.
A Anvisa, por meio de nota, diz que há grande procura por registros. E que está atualizando normas para que haja simplificação e eliminação de etapas desnecessárias ao processo de registro. Para permitir que a análise seja iniciada em menor tempo, o que deve começar neste semestre, afirma a nota. Segundo o Conselho Federal de Medicina, a demora na liberação tem motivado várias ações na justiça, e nem sempre com final feliz.
“Um paciente que precisa de medicamento urgente não tendo ainda sido autorizado no Brasil, ele entra na justiça e os juízes normalmente dão a liminar para que o estado providencie com urgência esse medicamento e que será, obviamente, importado já que não está registrado no Brasil. Isso causa demora na prescrição e não é incomum medicamentos chegarem na hora que o paciente já faleceu”, diz Gerson Zafalon, segundo secretário do Conselho Federal de Medicina.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária informou, também, que o tempo de análise dos pedidos de registro dos remédios é compatível com as demais agências reguladoras do mundo.
E depende de cada medicamento, que entre os pré-requisitos para a liberação estão à segurança e a eficácia do medicamento. Tem que ser levado em conta o produto liberado e quem precisa desse medicamento não pode esperar.
Todo mundo que passa por um tratamento sabe que medicamento é fundamental, até para a qualidade de vida. O Bom Dia Brasil convidou o presidente da Associação Paulista de Medicina, Florisval Meinão, para falar sobre essa questão.
Bom Dia Brasil: Muitas pessoas vão à justiça para conseguir essa medicação. Mas ir a justiça não significa o fim dos problemas, por quê?
Florisval Meinão: Nem sempre significa o fim dos problemas, na verdade, a partir do instante que o juiz autoriza uma medicação, se essa medicação não é utilizada em nosso país, não está autorizada pela Anvisa, vai haver um lento processo de importação, autorização e liberação na alfândega. É um processo muito prolongado que às vezes coloca em risco a vida dessas pessoas.
Bom Dia Brasil: Existe outro caminho, fora o judicial, tem acontecido isso? O senhor tem outros casos?
Florisval Meinão: Não, não tenho casos especificamente na minha área, mas a solução para isso é administrativa. É preciso haver um acordo entre executivos, gestores do SUS e o judiciário, para que essa solução seja agilizada. Ou seja, que haja mecanismos administrativos que resolvam essa questão que resolvam essa questão. Sem que seja necessário que os pacientes recorram à justiça.
Bom Dia Brasil: Incluindo as secretárias de Saúde Municipais e Estaduais?
Florisval Meinão: Esse é o caminho. É procurar através do SUS uma liberação administrativa, sem que tenha a necessidade do recurso judicial.
Bom Dia Brasil: Onde a pessoa vai para conseguir isso?
Florisval Meinão: Nas secretárias de saúde, nos ministérios, em fim em qualquer órgão gestor do SUS.
Os caminhos são longos e vale tentar, porque esta é uma questão fundamental para milhões de pessoas que precisam dessa medicação.