18/08/2012
Para marqueteiro do governo, depois do episódio 'Benito', "o que está ruim, ainda pode piorar"
[0] Comentários | Deixe seu comentário.No artigo principal de sua Roda Viva hoje, o jornalista Cassiano Arruda ratifica o que publicou o Blog há dois dias: o episódio do interino presidente do PTB e secretário de governo Benito Gama, que destitui da presidência do diretório estadual do partido, o deputado Ezequiel Ferreira, serviu para reforçar o desgaste que o governo vive no momento em todo o Rio Grande do Norte. Marqueteiro e amigo da governadora Rosalba Ciarlini e do primeiro-damo Carlos Augusto Rosado, Cassiano vai mais longe. E diz que, o que está ruim, ainda pode piorar. Eis o artigo publicado no Novo Jornal: FORÇA BRUTA Cassiano Arruda Câmara Se é verdade, como preceitua o manual de sobrevivência política do velho – e verdadeiro – PSD, que nesta atividade não existe nada por acaso, no meio de uma campanha que não consegue empolgar o eleitorado surgiu um fato novo que deixa o Governo Rosalba Ciarlini numa situação extremamente desconfortável. O ato de força, determinado por um secretário de Estado, para, num golpe de mão, tomar o comando do partido de um aliado, permite uma série de raciocínios, todos negativos para o momento vivido por Rosalba. Afinal de contas, por que precipitar um fato que poderia ser deixado para daqui a 60 dias? Valendo lembrar que 60 dias tem sido o prazo mínimo entre uma tomada de decisão e sua aplicação em nível governamental nos últimos 20 meses. Nas primeiras explicações, a governadora Rosalba e o seu marido, Carlos Augusto, se dizem surpreendidos pela decisão do secretário Benito Gama, ocupando interinamente a presidência do PTB, de afastar o presidente estadual, deputado Ezequiel Ferreira de Souza. Admitindo-se essa hipótese pouco consistente, o sistema governamental ganha um atestado público de falta de comando político, permitindo que ocupantes de cargos em comissão busquem caminhos sem seu conhecimento e à revelia do governo. Mas, tratando-se de uma decisão planejada, o Governo pode ter criado uma situação capaz de deixa-lo ainda mais isolado, oferecendo argumentos para todos os aliados terem motivos de sobra para criação de um clima de desconfiança que dificilmente será revertido. Uma hipótese é de que Rosalba e Carlos Augusto estão convictos de que o DEM não resistirá ao resultado das urnas de 7 de outubro e trataram de criar logo uma alternativa, enquanto o secretário de Desenvolvimento ocupa interinamente a presidência nacional do PTB, partido que teve sua história estuprada pelo general Golbery da Costa e Silva, num dos últimos atos do regime autoritário. Neste caso, o senador José Agripino, presidente nacional do DEM, terá recebido a sinalização de que o antigo grupo político, que tem se mantido unido no estado há mais de trinta anos, está irremediavelmente fraturado, especialmente numa hora em que disputa uma batalha de vida e morte em Mossoró ( fundamental para o futuro de Rosalba), onde existem evidências da falta de recursos para a candidata governista. E, como fica o outro aliado preferencial, o PMDB de Garibaldi e Henrique Alves, que tem sido parceiro do Governo em muitos municípios, inclusive composto com o PTB e o sistema governista, como é o caso do estratégico município de Macaíba? No meio de enormes dificuldades administrativas, que estão exigindo toda a atenção e ação da governadora do estado (a Saúde em estado de calamidade, por exemplo), fabricou-se uma crise política de consequências ainda imprevisíveis. É que ninguém consegue fazer política sozinho e o que está ruim ainda pode piorar, sobretudo quando é feita a opção pela força bruta.