20/05/2012
Gustavo Rocha: setor produtivo está confiante no governo Rosalba
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O Agronegócio potiguar, mesmo diante de um ano de seca e de implicações por causa da aftosa, começou, a partir deste sábado, a enxergar uma luz no fim do túnel. Tudo por causandenuma reunião da categoria com a governadora Rosalba Ciarlini, que definiu e anunciou medidas que deixaram os setores produtivos animados. Criador de ovinos e atuante no setor, escolhi Gustavo Rocha para falar sobre o assunto. Enviei perguntas por e-mail e eis a entrevista feita neste domingo. Gustavo Rocha - Antes de tudo eu gostaria de agradecer o convite para esta entrevista ao seu Blog que, com certeza tem bastante penetração em todos os municípios do estado, especialmente nas cidades do interior, onde justamente reside o nosso agronegócio. Um dos responsáveis pelo sucesso do grito da aftosa é justamente a imprensa, que esteve presente apoiando o nosso movimento. Não tenho nenhuma autorização ou legitimidade oficial para falar em nome de nenhuma das entidades representativas do setor do agronegócio, falo apenas como produtor rural de ovinos de corte. Portanto abusarei da primeira pessoa. Thaisa Galvão - Durante o governo Wilma, o agronegócio começou a ver uma luz no fim do túnel em relação ao fim da aftosa no Rio Grande do Norte. O que faltou para que a luz fosse realmente acesa, já que no atual momento, a carne bovina potiguar sequer é aceita no vizinho estado de Pernambuco? O que não andou? Gustavo Rocha - Na gestão Wilma nem nas anteriores tivemos avanços em relação ao trabalho de combate à aftosa, foi na realidade durante a gestão do ex-governador Iberê que o IDIARN teve um bom avanço e se tornou prioridade. Naquele momento o Rio Grande do Norte se tornou até referência para os estados vizinhos devido ao trabalho que vinha sendo feito. Eu credito aquele sucesso à visão que o governo teve de se assessorar de bons nomes do agronegócio local. Produtores e técnicos associados à Anorc. Eu entendo que houve uma ruptura de política de gestão do governo anterior para a entrada deste novo governo, o que infelizmente é bastante comum quando o poder muda de controle político. Isto, inclusive, precisa ser revisto, e aí falo em geral, pois as classes produtivas não podem ficar reféns de rupturas políticas que contaminem bons trabalhos técnicos. No entanto, passada esta fase, estou bastante confiante na palavra da governadora e acredito no modelo de colaboração que está sendo desenvolvido para as entidades representativas participarem das ações necessárias ao bom andamento do setor daqui para frente. Thaisa Galvão - O que precisa ser feito para que o produto potiguar comece a transpor as barreiras impostas por outros estados? Gustavo Rocha - O que precisava ser feito já foi deliberado e já começará a surtir efeito nas próximas semanas. Foi nomeado o diretor Geral do Idiarn, que é um técnico de carreira do Ministério de Agricultura, e que goza de grande prestígio perante às classes produtivas e ao próprio Ministério. Há ainda uma técnica dos quadros da Secretaria da Agricultura que está totalmente empenhada e imbuida de muito boa vontade para fazer as coisas acontecer. Percebi inclusive que a própria governadora confia bastante no trabalho dela, o que é ótimo, pois é alguém de área técnica que obtém apoio político para desenvolver um bom trabalho. Acredito que teremos um excelente índice de vacinação assim que terminar a campanha, principalmente depois do reforço dado pelo governo em doar 300 mil doses de vacina para os pequenos agricultores que não têm condições de vacinar o seu rebanho. Neste quesito vacinação cabe um alerta: É importante que a Emater desempenhe um bom trabalho, pois estas vacinas precisam ser aplicadas e o relógio está correndo. Adicionalmente aos esforços relatados, já foram contratados vinte estagiários que irão acelerar o processamento de dados referente ao cadastramento das propriedades, além do governo também ter disponibilizado recursos para equipar barreiras sanitárias no interior do estado. Até o final de outubro acredito que poderemos estar prontos para receber a vistoria do Ministério da Agricultura, que poderá aplicar a sorogologia por amostragem no rebanho e assim começaremos realmente a nos tornar o tão desejado e sonhado (por décadas) área livre de aftosa com vacinação. É importante ressaltar que será um momento histórico para a agropecuária do Rio Grande do Norte e a governadora entrará para a história como a governante que obteve este êxito político. A esperança está renovada. Thaisa Galvão - Que outros problemas afligem hoje o agronegócio? Gustavo Rocha - Vários problemas foram solucionados com esta reunião que tivemos com a governadora, mas um ainda ficou em aberto e precisa ser cobrado daqui pra frente, que é referente à emissão de licenças ambientais. Esta gestão teve muito cuidado em moralizar o Idema, no entanto o órgão não pode ficar amedontrado e burocratizado pelo Ministério Público. É importante que a governadora reveja urgentemente este problema, haja visto que há um desequilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade que em nada ajuda ao meio ambiente e à nossa economia. O Idema precisa ser enfrentado. Hoje o orgão emperra não somente o agronegócio como vários outros setores da nossa economia. Fizemos o alerta na nossa reunião. Thaisa Galvão - Qual a sua impressão depois da reunião na casa da governadora e das medidas anunciadas? Gustavo Rocha - Saí com bastante ânimo. A maioria dos nossos pleitos foi atendido, ficando pendente somente a questão do reajuste do preço do leite de vaca pago ao produtor, e já temos agenda nesta terça-feira junto ao Ministério do Desenvolvimento Social, em Brasilia, para repararmos este erro histórico do governo federal com o RN. OS demais estados do Nordeste têm 80% do orçamento do Programa do Leite bancado pelo governo federal; no RN é o inverso, temos apenas 20% do orçamento custeado pelo governo federal. A governadora já nos falou que tem apoio de toda bancada federal para conseguir promover este ajuste junto ao governo federal e estamos bem confiantes que obteremos êxito logo no início desta semana. Outra coisa que me chamou atenção foi não somente o fato da governadora ter sido bastante compreensiva perante o nosso pleito como também a iniciativa de disponibilizar as 300 mil doses de aftosa ter partido de dentro do próprio governo. O que nos dá bastante confiança na seriedade com que estamos sendo tratados. Thaisa Galvão - Vocês vão acompanhar o andamento das medidas? Vão fazer cobranças? Há prazos estabelecidos? Gustavo Rocha - Principal parte das medidas se darão através de convênio entre o governo do estado e a FARN (Federação da Agricultura), portanto trabalharemos de mãos dadas e seremos parceiros no sucesso. Caso seja detectada qualquer dificuldade, o canal de diálogo está aberto com o governo e não tenho dúvidas que conseguiremos superá-las. Thaisa Galvão - O fato do Idiarn estar sem comando pode ter agravado a crise no setor? Gustavo Rocha - Sem dúvida. Atrasamos no cronograma perante o Ministério da Agricultura, e agregou-se a isto uma seca sem precedentes, a explosão de custos dos insumos agropecuários, mais um reajuste pífio no preço do leite. O caldeirão ferveu. Thaisa Galvão - Vai começar a distribuição de milho pela Conab, isso ameniza o problema da seca? Como você vê isso? Gustavo Rocha - Ameniza bastante. Tem o efeito de uma chuva refrescante no calor da seca. Ainda há o problema do volumoso que precisa chegar aos municípios; já deixamos algumas idéias com a governadora e esperamos ajudar a viabilizar junto a ASPLAN e às usinas da Paraíba para que nos forneçam este insumo. Thaisa Galvão - A governadora anunciou o reajuste no preço do litro do leite de cabra. Esse aumento vai ser dado ao pequeno produtor, que cria a cabra e tira o leite, ou será repassado às cooperativas? Gustavo Rocha - A negociação de preço pago ao produtor não inclui a negociação com a indústria. O preço do leite de cabra anunciado é o pago diretamente ao produtor, que ainda é insuficiente, mas já alivia enquanto não temos a definição de Brasilia nesta terça-feira. É sempre importante lembrar que a caprinocultura leiteira tem um viés muito mais social que econômico. São os irmãos pequenos do agronegócio. Estão instalados nas regiões mais áridas e com a infra-estrutura mais precária. A sociedade precisa priorizar e valorizar este heróis. Para você ter uma idéia, a nossa bacia leiteira já chegou a produzir 15.000 litros de leite diários e hoje está em menos de 5.000. Ressalto ainda que a quantidade de familias dependentes de leite de cabras é bem maior, proporcionalmente, que aquelas do leite de vaca. Precisamos olhar com olhos de mãe para este setor. E eu acho que a governadora entendeu isso e já sinalizou imediatamente com este aumento imediato. Thaisa Galvão - Você integrará o Comitê Estadual para Ações Emergenciais de Combate aos Efeitos da Seca criado pelo governo? Qual será o seu papel? Gustavo Rocha - Não estou a par do comitê estadual de ações emergenciais. Como falei, não sou oficialmente líder de classe, porém, se convidado terei o maior prazer em poder contribuir. Eu gostaria de dizer que hoje as entidades representativas do agronegócio estão muito bem representadas e unidas, lideradas pelo presidente da FAERN, José Vieira, que tem sido um líder democrático e aberto a receber qualquer produtor rural ou entidade ligada ao setor.