11/09/2011
A revelação do vereador Heráclito Noé põe em xeque os colegas de Câmara
[0] Comentários | Deixe seu comentário.A entrevista do vereador Heráclito Noé, no Poti de hoje, levanta uma pergunta bem interessante: Se a eleição de vereador é tão cara - 200 mil reais só no dia da votação - e o que eles recebem durante os 4 anos não chega a compensar o que gastam para se eleger...de onde sai tanto dinheiro para eleger e reeleger certos vereadores? Ahn? Leia trechos da entrevista do vereador-delegado que desistiu da vida pública. Terminará o mandato e não tentará permanecer no legislativo municipal. -Eu acreditei que na política teria um papel importante para melhorar a vida dos cidadãos natalenses. Eu cheguei imbuído desse propósito. Mas, me frustrei no parlamento. Não estou me sentindo bem, pois acho que estou fazendo muito pouco. -Uma campanha de vereador custa muito caro. -Não coloquei ninguém como boca de urna. Mas, se eu tivesse colocado 10 mil bocas de urna a R$ 20, que é o que normalmente um vereador coloca, gastaria R$ 200 mil só nodia da eleição, fora o apoio logístico e outras despesas. Então, você imagina como uma campanha dessas sai cara. -Nos quatro anos que o vereador passa na Câmara ele consegue, com o salário, compensar o que gasta para se eleger? Não. Eu acho que não compensa. -Como em todos os parlamentos, existem debates que são perda de tempo. Isso eu lamento porque me preparei muito para exercer esse mandato. Fiz várias pós-graduações. A última que fiz foi em políticas públicas. Sou especialista em segurança, fiz gestão estratégica de pessoas... Então, eu me preparei em todas essas áreas para poder intervir de forma consequente. Mas, aí a gente fica discutindo às vezes o nome de uma rua. Isso não é só aqui em Natal. É no Brasil todo. Não vou falar do nível da nossa Câmara. Isso ocorre de uma forma geral. -Como professor, eu sou respeitado. Como delegado de polícia, tenho recebido méritos do mais alto nível. Como político, como há um desgaste muito grande da classe, você pode falar a verdade que as pessoas não acreditam. -Dói depois você ouvir que foi a prefeita Micarla de Sousa (PV) que pediu para esvaziar a CEI. Nem ocorreu isso no meu caso nem no caso de Franklin Capistrano, que está passando por problemas de saúde e achou melhor se afastar, pois os ânimos estavam acirrados e o temperamento dele não combina com isso. Não houve nenhuma ação da prefeitura. Mas é difícil dizer isso para a população, devido à existência de tanta dissimulação na atividade política. -Hoje, eu pertenço à base da prefeita Micarla de Sousa, apesar de nem todos os projetos do Executivo contarem com meu voto. -Discordo dos que pensam que nunca acaba em nada. Temos que saber a competência de uma CEI. A CEI dos medicamentos, por exemplo, se completou. Nós apontamos os responsáveis. O trabalho da CEI acaba aí. Independente de o Ministério Público indiciar ou não. É diferente em termos de um inquérito policial. Nesse caso, o resultado da investigação é enviado à Justiça. Então vai para outra instância. A CEI dos medicamentos apurou responsabilidades. Essa é a prerrogativa. A investigação encaminhou a lista de responsáveis. -Uma das maiores falhas que vejo na gestão da prefeita é a distância do parlamento. Digo isso em todas as reuniões. Não tem ninguém que faça a ligação entre o que o parlamento está expressando e a administração municipal. -Eu acho que Enildo como líder da prefeita, no sentido de defendê-la de forma intransigente, tem sido competente nesse aspecto. Agora, o trabalho de articulação, acho que nesse aspecto, há uma lacuna muito grande. Não sei se a responsabilidade é dele ou da prefeitura. Tenho dito em todas as reuniões: "vocês escutam a gente falar?", porque parece que não estão ouvindo nada.