24/06/2011
A triste história do taxista que trocou a saúde pública pela privada e morreu sem atendimento
[0] Comentários | Deixe seu comentário.História triste nesta véspera de São João em Natal, que mostra que não basta ter um plano de saúde para se considerar livre das agruras da tal Saúde Pública.
Com sua carteirinha do plano Hapvida na mão, o taxista José Virgilio Nascimento, de 57 anos, chegou ao Hospital Antônio Prudente às 10 horas após ter se sentido mal.
Segundo a jornalista Graciema Carneiro, colega de trabalho de Luciana, filha do taxista, ele "foi visto por um médico que medicou e não fez mais nada".
Sem um exame para aprofundar a consulta, a família pediu ajuda a um médico amigo, que estava viajando.
A dica: um cateterismo.
Foi aí que a família pressionou o hospital para fazer o exame, mas foi informada que o procedimento não tinha como ser feito ali.
O paciente começou a piorar e o caminho natural seria a UTI.
Seria, mas não foi.
Segundo Graciema, o hospital alegou que não podia remover o taxista para a UTI pois o plano de saúde dele ainda estava no período de carência, portanto, descoberto.
Foi aí que se pensou em removê-lo para o Walfredo Gurgel.
Mais problema: sem vaga na UTI e sem condição de ser transportado pela ambulância do Samu. É que, como o paciente estava internado, o hospital era quem deveria solicitar o transporte...
A família já tinha decidido pagar mil reais pelo transporte quando o advogado, já acionado, conseguiu liminar, e por volta das 17 horas (ele chegou às 10h ao hospital), o oficial de justiça chegou com a liminar...mas aí...levar pra onde?
Vaga em UTI aonde?
Nesse momento, a família ganhou uma esperança extra, já que seu José Nascimento tinha deixado a Enfermaria e estava sendo atendido numa sala de Cuidados Especiais.
Mas a demora foi crucial...
Por volta das 19 horas, enquanto ainda se discutia sobre o que fazer...o paciente morreu.
Neste momento o corpo dele ainda está no hospital sem atestado de óbito, e será velado amanhã no Morada da Paz, em Emaús, onde será enterrado.
Sem UTI, sem exame, sem dignidade, sem direitos. Foi assim a última viagem do taxista que há dois anos, no dia primeiro de julho, perdeu a esposa, e que em casa dividia despesas com a filha Luciana.