Servidores públicos estaduais ainda sem salários

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Uma manhã de ocupações...e aprendizado.
No caixa eletrônico do shopping Cidade Jardim, fazendo operações para cumprir obrigações, vou acompanhando um ou outro servidor público que vai chegando na máquina ao lado da que eu estava...

"Cadê o dinheiro do Estado? Não é possível. Todo mês é isso", disse um senhor com cara de poucos amigos, que saiu resmungando. Dava para ouvir o barulho, mas sem entender patavinas do que ele dizia, até desaparecer do corredor.

"Eu pensava que o dinheiro do Estado já tinha sido depositado. É bom demais falar quando é com os outros. Ser estilingue é fácil, agora venha ser vidraça. Eu só queria o meu salário", falava sozinho em tom de discurso, um também senhor com cara de poucos amigos e aparentando ser bem mais politizado do que o primeiro.

Antes de sair de onde eu estava, ouvi ainda o lamento de uma mulher. Que foi bem mais arisca do que os dois primeiros, e falou o que se define como "impropérios" contra tudo e contra todos. Saiu dizendo que precisava do dinheiro para comprar o remédio da mãe. "Isso nunca acontecia antes, minha mãe vai morrer sem tomar esse remédio e eu não tenho mais um tostão"....e saiu reclamando coisas impublicáveis...

O fato é que hoje é dia 29 de março, e os salários dos servidores públicos estaduais ainda não foram depositados nas contas.
Aí eu saí e entrei numa papelaria...mais obrigações...de mãe e de pessoa jurídica...
E lá, a conversa era outra. para aprender.
Um senhor aposentado solicitava serviço de xerox e queria pagar mais do que o que havia sido cobrado.
E contava uma história ocorrida com ele: "Fiquei devendo 50 centavos em Ponta Negra, e fui lá atrás do camarada umas 8 vezes, no meu automóvel. Só na oitava vez o encontrei e paguei. Aí um belo dia chego em Parnamirim para pegar uns documentos, e quem encontro? O senhor que fiquei devendo. Ele parou tudo para me atender, e quando soube que o documento que eu precisava não era pra mim, mas pra um senhor doente de cãncer, ele nem cobrou"...dizia o senhor, dando aula de "ser gente" nas primeiras horas da manhã.

E, ao contrário da reclamção dos coitados dos servidores públicos, que terminam o mês sem os salários nas contas, ele dizia que havia aberto mão de uma aposentadoria. "Eu ganho muito. Já tenho muito. Renunciei a uma aposentadoria de professor, mas me arrependi. Não porque eu queria mais dinheiro, mas pelo menos porque eu, com os 2 mil e 400 reais da aposentadoria, poderia estar ajudando a mais gente. Onde o dinheiro está hoje, tenho certeza que ninguém é ajudado"....
Tinha razão o aposentado abastado...
Tinham razão os servidores públicos...lisos