20/06/2010
Corpo de dona Militana será velado no Teatro Municipal e enterrado às 14 horas
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Velado em casa desde a noite de ontem, momentos depois de falecer, no município de São Gonçalo do Amarante, o corpo da maior romanceira do Brasil, dona Militana Salustino Nascimento, de 85 anos, será levado agora às 9 horas para o Teatro Municipal.
A partir das 11 horas várias homenagens serão prestadas, sob o comando da Fundação Cultural Dona Militana.
O enterro da romanceira está marcado para as 14 horas, no cemitério de São Gonçalo.
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DDona Militana nasceu no sítio Oiteiros, na comunidade de Santo Antônio dos Barreiros, em 19 de março de 1925.
O canto foi um dom que ela herdou do pai, Atanásio Salustino do Nascimento, uma figura folclórica de São Gonçalo, mestre dos Fandangos.
Com o talento herdado, ela cantava romances – em que mais se destacou – além de modinhas, coco, xácaras, moirão, toadas de boi, aboios e fandangos.
O talento da maior romanceira do Brasil tornou-se público a partir da descoberta do folclorista Deífilo Gurgel.
Depois foi ‘adotada’ pela produtora cultural Candinbha Bezerra e a partir daí gravou o CD triplo “Cantares”, lançado, inclusive, em São Paulo e no Rio de Janeiro, ganhou as páginas da imprensa brasileira, e recebeu, das mãos do presidente Lula, em Brasília, a Comenda Máxima da Cultura Popular.
Apesar do aparato e dos holofotes, dona Militana morreu pobre.
O título de maior romanceira do Brasil sequer lhe rendeu salário.
Somente em 2009, na gestão do prefeito de São Gonçalo, Jaime Calado – outros passaram e ignoraram sua existência - com o Projeto de Lei Complementar encaminhado pelo Município e aprovado pela Câmara, dona Militana passou a ter direito a uma pensão vitalícia.
Mas aí já era tarde demais.
A tranqüilidade só chegou quando dona Militana já vivia doente.
Pode dizer que conseguiu comprar os remédios que precisava.
Mas não teve salário para viver, nos tempos em que cantava, em que vibrava, em que fazia São Gonçalo brilhar para o Brasil.
Foto: Canindé Soares Dona Militana Salustino: sua morte silencia São Gonçalo do Amarante