23/05/2010
Fábio Faria: Lindo e bom de voto
[0] Comentários | Deixe seu comentário.A revista Veja desta semana traz uma reportagem sobre os lindos que são bem sucedidos através do voto...que muitas vezes conquistam...pela beleza.
Destaque da matéria? O deputado Fábio Faria.
Eis a reportagem completa da revista que está nas bancas:
Reprodução Revista VEJA
Beleza
LINDOS. E BONS DE VOTO
A estética privilegiada é um incentivo inicial para atrair o eleitor.
Depois... Bem, é só dar uma voltinha por Brasília para ver que boniteza não garante o palanque
Bel Moherdaui
O comediante e apresentador Jay Leno resumiu certa vez de maneira provocante: "Política é o show business dos feios". Não demorou nada e a política começou a ficar realmente mais próxima do show business, projetando pessoas bem-falantes e bem ajeitadas, que tanto poderiam estar num comício quanto num BBB. Em outras palavras, Sarah Palin. Sarah saiu do muito pouco (era governadora do Alasca, remoto e gelado estado que tem o Canadá no meio) para a notoriedade total ao ser escolhida candidata a vice-presidente na chapa de John McCain, em 2008. Mac quem? Pois é, nem todos se lembram do senador derrotado por Barack Obama, mas é difícil tirar Sarah da cabeça. Ela é hoje uma respeitável força política, além de máquina de fazer dinheiro (entre livro, palestras e TV, já se aproximou dos 12 milhões de dólares). Por quê? Certamente porque é mulher, briguenta e carismática, além de falar o que a direita mais conservadora quer ouvir. E também porque é bonita e sexy, no estilo bibliotecária do interior. E tem as pernas – ah, as pernas, festejadas abertamente pelos republicanos, cobiçadas em segredo pelos obamistas. Num mundo em que todos querem ser belos, a política atrai os esteticamente privilegiados em número crescente e lhes dá um bom empurrão inicial. Depois, seu desempenho tende a ser julgado por padrões mais comuns.
Pelo critério beleza, por exemplo, a deslumbrante Ségolène Royal, 56 conservadíssimos anos, jamais perderia uma eleição para Nicolas Sarkozy, como aconteceu na França em 2007 (talvez traumatizado pelo déficit estético, ele depois o compensou conquistando Carla Bruni). Igualmente bela, e ainda por cima rica, a ex-primeira-ministra ucraniana Yulia Tymoshenko, 49, reinventou-se como camponesa fashion (trança em volta da cabeça e guarda-roupa de grife todo em tons claros), mas a aura de santa do pau oco não a salvou de um momento de baixa na conturbada política nacional. Loira e de olhos azuis, a deputada peruana Luciana León, 31 anos, brilha em votações na internet e não tem comissão do Congresso que não anseie por sua encantadora presença. Todas as citadas até agora têm carreira por méritos próprios, com a beleza correndo por fora. O oposto, portanto, do comitê central de bonitonas montado na Itália pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Escolhidas pelo critério da aparência e colocadas em cargos importantes, as certinhas do Berlusconi têm seu epítome em Michela Brambilla, 42, a ministra do Turismo de cabelos ruivos e pernas esculturais, que cruza e ainda por cima mostra a fetichista liga – da meia, não do norte. Mulheres que se exibem demais, como uma certa ex-prefeita, contam pontos contra: atitudes provocantes e sensualidade explícita contrariam em tudo a imagem de eficiência e dever cívico que se espera, ou se deveria esperar, dos políticos. Mas a beleza, evidentemente, ajuda.
"Se considerarmos beleza como a capacidade de atração, são pouquíssimas as áreas em que ela não tem alguma influência – talvez no chão de fábrica. Estudos mostram que, quanto mais bonita é uma pessoa, maior é seu salário e até maiores são as chances de ser absolvida por um júri. Até professores bonitos são beneficiados, pois recebem trabalhos mais benfeitos. Assim, é natural o bom desempenho de políticos bonitos", avalia Geoffrey Jones, professor de história dos negócios na Universidade Harvard e autor do recém-lançado Beauty Imagined: a History of the Global Beauty Industry (Beleza Imaginada: História da Indústria Global da Beleza). Apesar das variantes culturais em torno dos padrões de beleza, algumas características são comuns em todos os quadrantes. Traços simétricos, maxilares bem-talhados e testas nobres conferem o ar presidencial que é o sonho de qualquer político americano. Ao sondar as águas republicanas, Mitt Romney, 63 anos, empresário, mórmon, ex-governador, ouviu de analistas seriíssimos que tinha "o queixo perfeito, o cabelo perfeito" e "ombros onde um 747 poderia pousar". Resultado: já é pré-candidato em 2012. Ilustre desconhecido, o agora senador Scott Brown conquistou votos e corações em ritmo acelerado. E não escapa às piadinhas: na juventude, bem antes de ocupar a cadeira no Senado que um dia pertenceu à dinastia Kennedy – até hoje um padrão insuperável de beleza na política –, ganhou a vida como modelo e, aos 22 anos, posou só com suas convicções para uma revista feminina.
No Brasil, onde a beleza definitivamente não é um fator no atual momento eleitoral, os gritinhos apaixonados são inevitáveis à passagem do deputado Fabio Faria (PMN-RN), 32 anos, 1,90 metro, 14 000 seguidores no Twitter, ex de várias beldades midiáticas e atual da apresentadora Sabrina Sato. Indagado sobre o assunto, Faria recita os mantras dos bonitos e bem-sucedidos: "Não me acho bonito", "Essa questão da beleza atrapalha muito ao longo do mandato" e, óbvio, "Sou muito pouco vaidoso". Fora isso, é dono de academia, joga futebol duas vezes por semana, faz musculação outras três e surfa "quando sobra tempo". Sem contar o penteado, milimetricamente displicente. Cabelo, naturalmente, é importante. Olhos verdes também ajudam bastante, sejam suaves como os de José Luis Zapatero, o primeiro-ministro da Espanha (apelido: Bambi, pela meiguice, sem segundas interpretações), sejam eles, os olhos, faiscantes como os de Rafael Correa, presidente do Equador e isolado bonitão na turma bolivariana do poncho e adereços vermelhos. Os motivos não racionais que influenciam o voto foram objeto de estudo de Andrew Leigh, professor da Universidade Nacional Australiana. Na pesquisa, que usou as fotos dos santinhos distribuídos pelos partidos, a aprovação aos políticos mais bem-apessoados ficou entre 1,5 e 2 pontos porcentuais acima da dos menos privilegiados. "Fazemos julgamentos o tempo todo e, hoje, usamos a beleza como um indicador de competência. Pessoas com rosto simétrico ou feições mais definidas são vistas como mais dignas de confiança", explica Leigh. Detalhe importante: "O efeito da beleza é maior se o político é menos conhecido do eleitorado".
"A primeira mensagem que o eleitor percebe, antes do plano semântico, é o plano estético. O primeiro discurso, o que mais impacta, é a mensagem da estética", explica o professor de comunicação política Gaudêncio Torquato, da Universidade de São Paulo. Essa primeira impressão ajuda a determinar se o candidato terá ou não chance de segundas e terceiras impressões – aí, sim, mais diretamente ligadas a propostas políticas. Segundo Torquato, nesse primeiro contato têm importância não só os traços do rosto, mas também o cabelo, as roupas, os adereços e o gestual dos candidatos. "Na época das campanhas, todos eles se cuidam mais. Atendo políticos que concorrem a cargos nacionais, mas também já cuidei de prefeitos do interior", conta a dermatologista Adriana Vilarinho, de São Paulo. Não que todos sejam lindos, muito pelo contrário – uma voltinha por Brasília basta para derrubar todas as teses da relevância estética. "O que as pessoas tentam é amenizar as imperfeições, parecer mais jovens, mais fortes, mais saudáveis. Em política, muito mais do que a perfeição estética, o que se busca é a adequação com a imagem que se quer passar", analisa Edson Giusti, sócio de uma agência especializada em gestão de imagem. Em suma, beleza não é o principal fator de decisão na hora de apertar o "confirma", mas ajuda, e bastante, a atrair os eleitores. "Beleza não se sobrepõe a biografia e posicionamento. Agora, se contar com os três, dificilmente um candidato perderá a eleição", resume o cientista político Antonio Lavareda.