21/02/2010
Por não conseguir trocar produtos fora do prazo, delegada prende vendedoras da Riachuelo
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O abuso de autoridade de uma delegada de polícia, que prendeu funcionárias de uma das lojas Riachuelo, foi notícia na imprensa do Espírito Santo.
A reportagem da Gazeta on Line chegou ao twitter, através do presidente do Grupo Riachuelo, Flávio Rocha (@flaviogr)
Eis o barraco.
ABUSO DE AUTORIDADE? DELEGADA PRENDE VENDEDORAS POR NÃO TROCAR MERCADORIA
12/02/2010 - (Glacieri Carraretto - Da Redação Multimídia)
A simples tentativa de trocar uma peça de roupa em uma loja de departamentos acabou com três funcionárias detidas no Presídio Feminino de Tucum, em Cariacica. A cliente era a delegada Maria de Fátima Oliveira Gomes, titular da Delegacia de Polícia de Novo México, Vila Velha, que deu voz de prisão para as funcionárias ao ser contrariada.
A confusão começou na noite de quinta-feira (11), na Loja Riachuelo, no shopping Praia da Costa, quando a delegada chegou ao local acompanhada de um familiar para trocar uma bermuda jeans. A peça - que já não tinha etiqueta e estava em bom estado - havia sido comprada há cerca de três meses na loja.
O prazo de troca de 30 dias oferecido pela Riachuelo já havia expirado e a atendente de caixa comunicou à cliente Maria de Fátima que não era mais possível efetuar a troca da roupa.
Inconformada, a cliente exigiu a presença de um responsável. A líder de departamento, Kelem Almeida Roncetti, 28 anos, atendeu a delegada. "Me dirigi até o local e ela se identificou como delegada. Tentei explicar que o procedimento era padrão mas ela não entendeu", contou.
Maria de Fátima deu voz de prisão para a atendente de caixa e para Kelem sob acusação de desacato à autoridade. A fiscal de loja Juscilene Cavalcante e a supervisora de loja Jeane Ruckdeschel, 28 anos, também acabaram detidas ao tentar conversar com a delegada e amenizar a situação.
O grupo foi encaminhado para o Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vila Velha. Na unidade policial, o advogado da Riachuelo, Fabiano Cabral, e o gerente da loja, Ricardo Ambrózio, compareceram ao local dando assistência as funcionárias. Eles tentaram negociar com a autoridade a respeito da prisão das funcionárias, mas não teve jeito.
Apesar de haver outro delegado de plantão no DPJ, a própria delegada Maria de Fátima - se colocando como vítima - tomou a frente da ocorrência, decretou a prisão, instaurou inquérito policial, arbitrou fiança e conduziu as acusadas até o presídio.
As funcionárias da loja foram liberadas às 10h50 da manhã desta sexta-feira, após 7 horas no presídio. As moças acreditam que houve abuso de autoridade por parte da delegada. Nesta tarde o chefe da Polícia Civil, delegado Júlio César Oliveira, convocou uma coletiva de imprensa quando deve anunciar as medidas a serem tomadas em relação ao caso. A Secretaria de Segurança Pública já informou que a Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público do Espírito Santo vão acompanhar o caso.
Loja divulga nota
A Loja Riachuelo divulgou nota na tarde desta sexta-feira (12) sobre o incidente occorido na noite. Veja o comunicado abaixo na íntegra
No intuito de esclarecer os fatos, as Lojas Riachuelo comunica a ordem e veracidade dos acontecimentos ocorridos ontem (11.02.2010), em sua loja no Shopping Praia da Costa, em Vila Velha/ES. Por volta das 19h30 de ontem, a cliente Sra. Maria de Fátima Oliveira Gomes Lima compareceu à loja para efetuar a troca de uma peça. Seguindo a lei estabelecida pelo Código de Defesa do Consumidor, a Riachuelo informa que a troca de roupas sem defeitos é uma faculdade oferecida pela loja, considerando algumas exigências como a manutenção da etiqueta na peça, a apresentação da nota fiscal e o prazo de 30 dias. Acontece que nenhuma dessas exigências foi cumprida pela cliente, que apresentou uma peça para troca sem etiqueta e nota fiscal. Com base nesses fatos, a funcionária informou à cliente Sra. Maria de Fátima Oliveira Gomes Lima que não seria possível a troca do item, o que a deixou consternada e muito exaltada. Após confirmar esse procedimento com outros funcionários responsáveis, a Sra. Maria de Fátima Oliveira Gomes Lima - que é delegada - deu voz de prisão à quatro funcionários desta loja por desacato à autoridade e os encaminhou à delegacia.
Hoje (12), por volta das 01h00 da madrugada, uma das funcionárias foi liberada após a Riachuelo pagar fiança no valor de R$ 1.624,00, mas as outras três ainda permaneceram detidas até às 11 horas, pois a fiança chegou ao exorbitante valor de R$15.400,00 para cada uma das funcionárias. O departamento jurídico da Riachuelo atuou neste caso com o objetivo de resolver esse mal entendido, inclusive com a liberação e bem-estar das três funcionárias. O judiciário cancelou o valor de fiança indicado pela delegada Sra. Maria de Fátima Oliveira Gomes Lima e fez uma nova adequação passando a fiança para R$ 500,00 à cada uma das três funcionárias. O total de R$ 1.500,00 já foi pago pela Riachuelo e o judiciário já expediu mandado de soltura. As 3 funcionárias já foram liberadas.