13/01/2010
Vagner Araújo lembra da presença de Zilda Arns no interior do RN
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O secretário-chefe da Casa Civil, Vagner Araújo, viajou com a coordenadora da Pastoral da Criança pelo interior do Rio Grande do Norte.
Ele é mais um entre tantos brasileiros, triste com o desaparecimento dessa mulher forte, exemplo de vida, de atitudes, de dignidade.
Exemplo!
Eis o que disse ao Blog o secretário Vagner Araújo:
Estou absolutamente chocado e muito triste com a notícia que acaba de abalar o Brasil, sobre a morte de Zilda Arns, grande brasileira, fundadora da Pastoral da Criança, vítima do terremoto que assolou o Haiti.
O terremoto de magnitude 7 arrasou vários pontos do país, inclusive Porto Príncipe, a capital, nas últimas horas.
Como se não bastassem a intensa miséria, a guerra civil - interna, agora mais esta desgraça decai sobre aquele país centro-americano.
No momento exato dos tremores, Zilda caminhava na rua, junto com um militar (que também morreu) e mesmo assim foi atingida por escombros que caíram sobre ela.
Tive a honra, a alegria e a emoção de conhecer e, mais do que isto, trabalhar com a Dra. Zilda.
Pessoa extremamente simples no convívio, mas de aura iluminada. Radiante de força e generosidade.
Em 2001 eu era secretário do Trabalho e Ação Social do RN e assinamos convênio com ela para destinar recursos e apoiar as ações da Pastoral no RN.
Realizamos visitas conjuntas em vários projetos realizados em parceria da SEAS com a Pastoral na região do Seridó, mais precisamente em Parelhas e Equador, onde conhecemos projetos sociais como o da bandinha de música formada por crianças assistidas pelos nossos programas.
Nunca esqueci uma frase que ela me disse ao pé do ouvido, quando percorríamos as salas da creche de Parelhas, sempre com seu olhar inspecionador:
"Creche tem que ser assim, viva, alegre, com muitos brinquedos, com muita atividade. Não pode ser apenas uma "caixa" de guardar crianças como muitas que vemos por aí..."
Zilda deixa uma legião de órfãos: As crianças pobres de todo o nosso Brasil e de outros países, como o Haiti, onde ela levou a Pastoral. Deixa, também, um legado sem precedentes no combate à pobreza e à miséria em todo o mundo.
O soro caseiro (meio copo de água fervida, uma colherzinha de sal, duas de açúcar) - fórmula mágica, tão simples e acessível quanto eficiente no combate à famigerada desidratação infantil, que ela disseminou por toda parte e que salvou mais vidas de crianças do que muitos programas públicos de elevado custo.
O Brasil fica menor sem Zilda Arns.
Mas a dor e a tristeza por perdê-la deve ser somada com a força de tantos, como os milhares de voluntários da Pastoral da Criança espalhados por todos os recantos do país - e que devem estar chorando neste momento - na preservação do seu legado, da sua luta e sobretudo do seu sonho: o de construirmos um Brasil e um mundo mais justo e solidário.
Folha de S. Paulo - no www.marcosdantas.com