05/01/2010
Coronel Erasmo Dias: o retrato da ditadura
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Sobre o Coronel Erasmo Dias, ex-secretário de Segurança de São Paulo e fundador da Arena, o Blog pescou infornações nos arquivos do Jornal do Brasil.
Eis:
A VIOLENTA INVASÃO DA PUC-SP
"Pelos primeiros cálculos, cerca de 3 mil pessoas - 2 mil alunos em aulas, mais funcionários e professores da PUC, além dos manifestantes, que se encontravam defronte e no interior da Escola - foram detidas pela polícia e confinadas num estacionamento... Depois de 10 minutos de violência, com uso de bombas, elementos da tropa de choque e agentes do DEOPS dominaram a situação, sob o comando direto do Secretário de Segurança Pública, Coronel Antônio Erasmo Dias". (Jornal do Brasil)
Um dia após iniciar um cerco de vigilância policial ao redor da PUC - SP para coibir a tentativa dos estudantes de realizar o 3º ENE - Encontro Nacional de Estudantes, e com garantias de que não responderia à manifestação com violência, a Polícia Militar de São Paulo invadiu o campus da instituição e investiu com truculência contra tudo e contra todos. Era pouco mais de nove horas da noite quando alunos que realizavam um protesto pacífico foram surpreendidos pela tropa policial que, sob o comando do Coronel Erasmo Dias, e usando bombas de efeito moral, gás lacrimogênio e cassetetes, bloqueou todas as saídas da universidade. Detida, a multidão passou por uma triagem visual onde os policiais buscavam reconhecer manifestantes com antecedentes subversivos. "Guerra é guerra", esbravejava o coronel.
Cerca de 700 estudantes foram presos. Alguns seguiram para a Delegacia Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS). Todos foram fichados. Trinta e sete foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional. Diversas entidades de ensino se pronunciaram a respeito da violência do episódio, e em defesa aos estudantes. O tom de irritação do coronel foi recebido como notória demonstração dos seus desmandos e do desapreço de que se servia no comando de suas responsabilidades.
UMA NOITE DE INFERNO E TRIUNFO
A invasão da PUC-SP foi mais uma tentativa de difamar a classe estudantil criando um clima de subversão e insegurança. Tratava-se de um esforço desesperado de um grupo radical que se acostumou ao monólogo e à arbitrariedade, consolidados em intermináveis anos de ditadura. Mas a essa altura, a manobra já não surtia efeito. E mesmo diante do inferno que tinham enfrentado, havia um consenso entre os estudantes: o gosto de vitória.
Aquela noite fez parte dos movimentos de luta social contra a ditadura e pela democracia que efervesceram a política nacional do final dos anos 70.