09/12/2009
Henrique se defende com discurso nacional, com recado para setores da imprensa do RN
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Pesquei agora no blog FatorRRH, do jornalista Ricardo Rosado, a íntegra do discurso do deputado Henrique Alves, hoje à tarde na Câmara Federal.
E publico, também na íntegra.
Sr. presidente, sras. e srs. deputados, eu gostaria muito nesta honra, até por relator desta importante matéria, de estar tratando apenas da questão do Pré-Sal.
Lamento profundamente ter de vir aqui, embora aconselhado por amigos e companheiros, dizer que esse assunto já havia morrido e que eu não deveria desenterrá-lo Mas, faço questão de desenterrá-lo para enterrá-lo definitivamente
Tenho o dever de fazê-lo em relação a esclarecimentos que tenho que prestar, por questões de honra pessoal e de caráter, ao meu Estado, a esta Casa, à minha bancada, que me elegeu seu Líder por 3 vezes consecutivas por aclamação.
E, sobretudo por se tratar de um parlamentar de 40 anos de vida pública, com 10 mandatos consecutivos e tendo a alegria e a emoção deter, na última eleição, depois de 9 eleições seguidas, uma das maiores votações como deputado federal do meu Estado, o Rio Grande do Norte.
Portanto, eu fiz questão de vir aqui. Não vou me demorar, sr. presidente, até porque V.Exa. recebe de antemão, na preliminar, a minha mais absoluta solidariedade.
Se a revolta minha é imensa, se a indignação é brutal, eu imagino, sr. presidente, a de V.Exa., uma vida pública diferente da minha, de um pequenino Estado, do Rio Grande do Norte.
A sua vida pública é nacional, é do Brasil, é do maior Estado da nossa Federação.
Sr. presidente, srs. parlamentares, eu peço apenas que me perdoem aqui e acolá um momento de emoção que possa me tomar pela indignação, pela revolta. Ao estar ausente na última quinta-feira...
Não estava nesta Casa. Estava em companhia de meus familiares... Foi surpreendido por uma denúncia torpe, absurda, bandida, criminosa, desqualificada de um sujeito, contra o qual já entrei na Justiça, com a queixa-crime por calúnia e difamação e estou entrando amanhã com outra na Justiça Cível por danos morais.
Esse sujeito, que me recuso, até por uma questão de dignidade minha, a citar o seu nome, é simplesmente um empresário alvo de processo por suposto crime financeiro que provocou prejuízo de cerca de 10 milhões de reais ao Banco Santander.
E foi flagrado em vídeo colocando maços de dinheiro na cueca.
O empresário — vou dizer o seu nome, com repulsa mas vou dizer —, Alcyr Collaço, tem um histórico de crimes financeiros e negócios engendrados à sombra do poder político.
Ex-operador na Bolsa de Valores de São Paulo, foi alvo de denúncias de aplicações suspeitas de fundo de pensão, e investigado em 2005 pela CPI dos Correios.
Esse sujeito, segundo dados levantados pela equipe de Inteligência da Polícia Federal, no curso da Operação Caixa de Pandora, na qual são apuradas todas essas denúncias, era dono de uma corretora em Ipanema, e envolvido em fraudes, que acarretaram prejuízo de mais de 10 milhões ao Banco Santander.
Ele chegou a ter a prisão decretada e ficou foragido por 4 meses.
A prisão acabou revogada.
Mas o processo continua à espera da sentença.
Pois é esse sujeito que monta uma farsa da pior qualificação e diz que deputados, parlamentares estariam recebendo valores Y ou X, em uma suposta decisão de uma Executiva Nacional do PMDB.
Aliás, 2 parlamentares citados nem sequer pertencem à Executiva Nacional do PMDB.
Segundo eles, teriam armado uma arapuca para expulsar do partido o ex-governador Roriz, companheiro de muitos anos, do antigo PMDB, mas, certamente, não deve estar bem resolvido de vida política partidária para, talvez, estimular ou, por trás, patrocinar uma farsa como esta.
Essa divulgação, o deputado Eduardo Cunha, que me ouve, não é membro da Executiva Nacional,
O deputado Fernando Diniz não está presente para se defender mas eu faço a defesa dele. Teriam recebido valores...
Nem da Executiva são.
Não tinham qualquer decisão, em rumo, que tosse dada pela Executiva Nacional do PMDB contra quem quer que seja. Não eram membros da Executiva Nacional.
Receberiam por quê?
Participariam dessa farsa, desse crime, por quê?
E eu digo mais. Vou citar aqui.
Sr. presidente, srs. deputados, a decisão da Executiva Nacional do PMDB não foi expulsar, com todo respeito ao Governador Roriz.
O que se queria praticar era uma intervenção à dissolução no diretório do PMDB do Distrito Federal e a Executiva Nacional. Prestem atenção aos números: a Executiva Nacional, dos 17 membros, apenas 3 compareceram à reunião dessa executiva.
Não era ser contra ou a favor de Roriz ou de quem quer que fosse. O partido, nacionalmente, não queria se envolver nessa briga estadual.
Que tratassem os seus assuntos num âmbito próprio da executiva e do diretório estadual com prévias, pré-convenção, reunião, o que fosse, mas, jamais envolver a executiva nacional num constrangimento como este. 17 membros da executiva compareceram.
A presidenta, deputada Iris, o suplente Moisés Avelino e o ex-governador Roriz, que era o vice-presidente. E os outros 14?
Será que o deputado Henrique, como acusado é de ter aliciado estes homens e mulheres para não comparecerem à executiva, teria força, presidente Michel, para impedir a vinda aqui do ex-governador Orestes Quércia, com quem estou tendo, há algum tempo, discordâncias profundas em relação à política nacional, ao governo Lula e ao futuro deste pais?
Será que eu teria força para dizer a Quércia: “Não compareça para prejudicar o ex-governador Roriz?”.
Caito Quintana, do Paraná, ligado ao ex-governador Requião, será que eu seria o responsável para evitar que ele aqui viesse?
São apenas alguns nomes para mostrar o absurdo dessa montagem que, de repente, se atribui ao líder do PMDB com vantagens financeiras.
Agora, eu pergunto. Que se fizesse essa montagem. Dois irresponsáveis, bandidos, criminosos e meliantes, que se juntassem em qualquer botequim, num hotel, quarto, escritório, o que fosse. Que montassem a sua farsa!
Com apenas um gravador e uma máquina para gravar, a irresponsabilidade era deles.
Mas como é que uma parte da imprensa nacional dá guarida a uma fita assim, apócrifa, expondo pessoas de vida pública ilibada, de anos e anos, de mandatos e mandatos, para depois ter de vir, como estou tendo que vir aqui explicar à minha Casa, à minha bancada, ao meu partido, o que não fiz, porque não poderia ter feito o que, graças a Deus, não tenho a vergonha de ter cometido.
Mas, de repente, a imprensa nacional resolve divulgar. E o que se faz? Manda-se ouvir. Graças a Deus ouviram a altivez, a dignidade do deputado Michel Temer. Eu dei uma nota, porque ausente eu estava.
Mas aí, quem reparou ?
No meu Estado existem blogs, jornais pequeninos nos ressentimentos, no jogo político rasteiro, que lá estão a propagar, como se de repente o deputado Henrique Eduardo Alves tenha sido beneficiário do mensalão de Brasilia.
O que dizer aos meus eleitores, aos meus correligionários, à minha família, ao meu Estado, que aquela fita era uma fita absurda, irresponsável, criminosa.
Mas como? Jornais, televisões, as maiores do País divulgaram.
Lamento profundamente.
Mas uma má imprensa se combate com uma boa imprensa. Não estou aqui para defender censura a qualquer órgão.
Eu estou aqui para dizer que a democracia tem o dever, sim, de quando houver uma acusação deste nível, com pessoas assim foragidas da policia, processadas, que se apure pelo menos a sua mínima credibilidade, para que não se faça mal a pessoas de bem, a vidas públicas honradas.
Peço a esta Casa, as minhas desculpas, por nesta hora tão grandiosa ter que tratar de um assunto tão pequenino, tão vergonhoso, tão humilhante, mas eu tenho que fazer.
E a estas pessoas, ou a esta, que se prepare, que nós vamos até o final deste processo, e que sirva de exemplo, o que hoje sou vítima para que os senhores e as senhoras não possam ser amanhã.
O que eu exijo apenas é responsabilidade na acusação, é responsabilidade na apuração e seriedade, ao se examinar se deve se expor a vida de pessoas.
Vidas públicas, vida honrada de quem, família que sou, toda ela quase cassada pela revolução. Talvez os senhores não saibam, mas a família mais cassada pela revolução foi a minha. Um pai e 2 tios.
E eu e o Senador Garibaldi Alves Filho, que aqui está, naquela época, no nosso MDB, resistimos, enfrentamos e aqui estamos, nós tantos anos de vida pública.
Ter que me expor a esse vexame, a esse ridículo.
Mas faço por assim não considerar.
Eu faço por amor à minha vida pública.
Por respeito a ela, ao meu Partido e a esta Casa.
Muito obrigado, Sr. Presidente, muito obrigado Srs. Parlamentares..