18/05/2009
Rubens Lemos lança seu segundo livro no dia 8 de junho
[0] Comentários | Deixe seu comentário.Será no dia 8 de junho que o jornalista e secretário de Comunicação do governo do Estado, Rubens Lemos Filho, irá lançar seu segundo livro.
Depois de “O Último Maestro”, uma biografia do jogador de futebol Danilo Menezes, Rubinho lança agora “O Homem Óbvio”.
Em noite de autógrafos no Teatro de Cultura Popular, na Fundação José Augusto.
Sobre o livro, o próprio autor fala ao Blog.
Thaisa Galvão - O que é o livro "O Homem Óbvio"?
Rubens Lemos - Uma coletânea de escritos sem presunção, de um homem absolutamente comum e sua visão sobre o universo humano. Nada além de textos sobre o cotidiano.
Thaisa - Essas crônicas são inspiradas em fatos, ou você viaja pelo universo da ficção?
Rubinho - A crônica é um estilo em que prevalecem o sentimento e a emoção. Tudo é baseado em minhas concepções sobre a vida, minhas angústias, minha maneira de entender o mundo e as pessoas. Toda ficção tem um fundo de verdade. Não da verdade absoluta, mas da verdade que eu penso que seja.
Thaisa - As crônicas do livro já foram publicadas? Tem alguma inédita?
Rubinho - É uma coletânea de textos publicados ao longo de minha trajetória na imprensa, que completou 21 anos em abril.
Thaisa - Qual delas lhe deu mais satisfação em ler depois de escrita?
Rubinho - O que mais me satisfaz é poder escrever. É algo como uma missão que acho que devo cumprir, sem a preocupação de agradar.
Gosto muito das que falam sobre o tempo, a paciência (virtude que não tenho), sobre Natal, a cidade que eu amo, das saudades que tenho. Meu texto é absolutamente provinciano e eu tenho consciência disso.
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E o Blog adianta uma das crônicas de Rubinho que estará nas páginas de “O Homem Óbvio”
SOBRE RELÓGIOS
Queria ter a paciência dos relógios. Dos velhos relógios de parede. Daqueles que batiam dobrado, som tenso e grave como o dos taróis do filme o Homem Que Sabia Demais. Se eram duas da tarde, vinham quatro badaladas. À meia-noite, 24 bordoadas. Ficava bem no alto da parede da sala, relíquia dos anos 40, mimoso da minha avó e da minha tia-avó, que acordavam do sono no meio da novela das oito quando ele, acho que de propósito, sinalizava.
Gostaria de voltar ao tempo em que eu não sabia de nada. Mas os relógios, os de parede, se lenientes, não retrocedem. Marcam o passo cansado da vida de cada um. E são implacáveis. Muitos dos que ouviram aquele velho relógio de parede morreram e ele, sacrificado pela modernidade, anda esquecido num antigo quarto de entulhos.
Penso em resgatá-lo, consertá-lo, colocá-lo para funcionar ainda que me lembre da irritação de acordar do cochilo tumular das quatro da tarde porq ue acordava muito cedo para ir à aula de manhã. Desisto porque resisto a revisitar minhas saudades. Não quero lembrar de nada. Sou um saudosista, um retraído nas minhas dores e no meu passado de onde jamais deveria ter saído ou mesmo entrado para desembocar nesta vida cheia de horas desmarcadas e finais infelizes.
Queria é que o tempo passasse ligeiro, mas quem sou eu para querer nada? Ou ter poder para querer? Ou querer poder? Se o tempo me fizesse nada, agradeceria silenciosamente, embora no coração palpitasse o toque profundo e intenso, do velho relógio que a parede da minha infância nunca esqueceu.