08/05/2009
Implantar o Estatuto da Criança e do Adolescente: quem se habilita?
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O secretário de Comunicação da Prefeitura de Natal, jornalista Jean Valério, está indignado com setores da sociedade, que não fazem o menor esforço para cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Diante da violência que vem tomando conta do mundo, muita gente faz de tudo para se isolar, fugir do perigo....
Mas, segundo Jean, num artigo que escreveu e o Blog publica, respeitando a opinião dele, “querem institucionalizar a discriminação”.
Eis o texto.
SOCIEDADE HIPÓCRITA
O chavão, apesar de antigo, nunca foi tão atual no debate natalense sobre a inauguração de uma Casa de Passagem para abrigar crianças no bairro de Capim Macio. A atitude de algumas pessoas e setores da mídia, denota não apenas a explícita discriminação às crianças que precisam de apoio da sociedade. Trata-se de um caso de institucionalização da discriminação. Afinal de contas, por que estas crianças não podem ser abrigadas em Capim Macio? Por que estes adolescentes não podem ganhar um abrigo digno, localizado num bairro nobre, com espaço amplo e área de lazer? Perdão pela franqueza, mas chegam a ser patéticos os argumentos elencados por alguns moradores isolados e um presidente de associação comercial contra o abrigo dos jovens no luxuoso bairro. É preciso entender: Todos nós cidadãos somos responsáveis pelo bem estar destas crianças. Isto sim, está bem fundamentado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O artigo 92 do ECA é claro quando cita a “participação das pessoas da comunidade no processo educativo”. É este aspecto educativo, e por conseqüência inclusivo, que a Secretaria Municipal de Assistência Social está buscando neste novo conceito desenvolvido na Casa de Passagem. Mas isso parece ser desconsiderado pelos protestantes. Ouvi falar de um abaixo-assinado para impedir a instalação da Casa de Passagem. Será que os mesmos que assinaram o documento estariam dispostos a colaborar com a intenção do poder público em socializar estas crianças através de programas educativos eficientes? É mais fácil para estas pessoas continuar virando as costas para um problema que parece não atingi-los. Ledo engano. Atitudes mesquinhas como estas, apenas agravam o distanciamento destes futuros adultos do modelo de sociedade que sonhamos implementar. Tenho certeza que, se estas mesmas pessoas que hoje discriminam sem pudor estes adolescentes, estivessem engajadas no projeto pela reinserção deles na sociedade, estaríamos diante de um caso inovador na cidade. Mas quem deles se habilita?
Jean Valério
Jornalista e cidadão natalense