04/05/2009
Agaciel volta às páginas acusado de comprar chácara em nome de irmão
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O noticiário sobre os escândalos do Senado Federal, voltou a citar o ex-diretor geral do Senado, Agaciel Maia.
Primeiro ele foi citado, em reportagem da revista Época, de ter participação em todas as empresas terceirizadas.
Agora, segundo reportagem de hoje na Folha de S. Paulo, de comprar uma granja e registrar no nome de um irmão.
Eis a reportagem da Folha.
AGACIEL PÔS IMÓVEL NO NOME DO IRMÃO, DIZEM VENDEDORES
Oto Maia diz que é o comprador e fez o pagamento
Leonardo Souza
Adriano Ceolin
Da Sucursal de Brasília
O ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia pagou o equivalente hoje a R$ 112,1 mil, em dinheiro vivo, por uma chácara registrada no nome de seu irmão Oto Maia, segundo os vendedores do imóvel.
A transação, de acordo com a família que fez o negócio, foi concluída na casa avaliada em R$ 5 milhões que Agaciel ocultou da Justiça. Eles afirmam que Agaciel levou o dinheiro numa caixa de papelão que ele trouxera num carro do Senado.
O relato foi feito à Folha por 6 das 9 pessoas presentes à venda do imóvel. O caso envolve também o substituto de Agaciel na Direção Geral do Senado, seu ex-braço direito José Alexandre Gazineo.
A pedido de Agaciel, Gazineo, concursado da Casa como advogado, defende Oto na disputa judicial em torno do imóvel, tendo trabalhado de graça.
Em entrevista à revista "Época" desta semana, o ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi e sua mulher, Denise, funcionária aposentada da Casa, disseram que Agaciel está milionário e que possui várias casas em nome de irmãos. O único citado diretamente foi Oto Maia.
Pagamento
Oto, que também é servidor do Senado, contestou a versão dos vendedores, dizendo que foi ele quem comprou o imóvel e fez o pagamento. Ele foi procurado antes de a reportagem de "Época" ter sido publicada.
Esse é o segundo caso de aquisição de imóvel relacionado a Agaciel, mas registrado em nome de um irmão.
O ex-diretor-geral do Senado foi exonerado da função após a Folha ter revelado, em março, que ele usou o deputado João Maia (PR-RN) para ocultar da Justiça a propriedade de sua casa no Lago Sul. Agaciel, que continua como servidor da Casa, com salário de cerca de R$ 18 mil, não atendeu as ligações.
"Ele [Agaciel] chegou com o dinheiro em uma caixa de papelão mesmo", disse Maria Rosimar da Costa, que representou o filho Daniel dos Reis, então menor de idade, na venda.
O único documento cartorial que comprova a transferência de propriedade do imóvel, realizada em novembro de 1999, é um instrumento particular de promessa de compra e venda. Dele constam nove assinaturas -a única sem autenticação é a de Oto. Naquela data, Agaciel já era diretor do Senado.
Avaliada hoje em cerca de R$ 600 mil, a chácara foi registrada por R$ 60 mil no ato da venda -ou R$ 112,1 mil, após correção pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
"Só nós [os vendedores] fomos ao cartório, juntamente com o corretor. De lá, fomos para a casa do senhor Agaciel, para receber o dinheiro. Eu nunca vi o Oto", disse Rosimar.
A Folha procurou Osmaura de Lourdes dos Reis e sua filha Mariana, assim como outros dois herdeiros Reis, que preferem não ser identificados, para checar a versão de Rosimar. Os quatro não são parte na ação, na qual Gazineo defende Oto.
"É verdade, recebemos em dinheiro", afirmou Osmaura. "Lembro-me bem da casa na beira do lago e do rosto dele [Agaciel]", disse Mariana.
Quatro moradores dos arredores do imóvel ouvidos pela reportagem identificaram Agaciel como o dono da chácara.
Ação na Justiça
A propriedade pertencia a seis herdeiros de Pedro Antonio dos Reis, morto em 1986. A Folha chegou a Rosimar e Daniel por conta de processo movido na Justiça contra Oto, no qual ela tenta anular a venda.
Em novembro de 2000, um ano após o negócio, a Justiça avaliou a propriedade em R$ 350 mil. Com base nesse laudo, Rosimar entrou com a ação em março de 2002, alegando que o filho havia sido lesado.
Oto não quis falar sobre a transação. "A mulher [Rosimar] está reclamando porque ela quer reaver a parte dela."
Gazineo disse que até assumir a função de diretor-geral não estava impedido de defender Oto e que vai "procurar um colega" para assumir o caso.