17/07/2008
Decisão de Garibaldi, de barrar o trem da alegria do Senado, é destaque no editorial do Estadão
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O presidente do Senado Garibaldi Filho é notícia hoje no Estadão.
Até aí, tudo bem...
O presidente do Congresso Nacional é notícia todos os dias nos 4 cantos do Brasil.
Mas o Estadão coloca Garibaldi hoje como estrela principal de seu editorial.
Seguindo exatamente a linha do Blog, que disse que o senador-presidente, ao conseguir acabar com o trem da alegria no Senado, podia até ter se queimado com a Mesa Diretora interessada nos cargos de 10 mil reais...mas tinha ficado muito bem na foto popular.
Eis o editorial do Estadão de hoje.
A GARIBALDI, AS BATATAS
Apesar da péssima repercussão que teve na opinião publica, a tentativa da Mesa Diretora do Senado de criar mais um escandaloso “trem da alegria”, na forma da contratação, sem concurso público, de 97 “técnicos legislativos” - número de apadrinhados que poderia chegar a 388, dependendo da vontade dos padrinhos -, com salário de R$ 9,97 mil, certamente não foi essa repercussão que fez os ilustres senadores da República recuarem de tamanha indecência. Afinal de contas, já se tornaram mais do que habituais as conquistas, por parte dos legisladores caboclos, de novas prebendas, regalias e reajustes de ganhos às vésperas dos recessos parlamentares ou no apagar das luzes de seus períodos de trabalho, sem que protestos da sociedade os tenham feito voltar atrás. O que os fez recuar, desta vez, foi a atitude do presidente da Casa, senador Garibaldi Alves Filho, que neste caso é o merecedor de todas as batatas.
Há cerca de quatro meses, quando senadores apresentaram a Garibaldi a proposta do novo “trem”, que representaria um aumento anual de R$ 12,5 milhões na folha de pagamento da Casa - meses antes da realização de um concurso para a seleção de 150 novos funcionários de nível técnico e superior -, o presidente do Senado a rejeitou de pronto. Apresentada a proposta à Mesa, na última reunião antes do recesso parlamentar, Garibaldi não só foi o único voto vencido, ao rejeitá-la, como passou a torpedeá-la perante a mídia, em pronunciamentos e entrevistas. Dizia ele que para tal proposta “não há explicação convincente” e que sua aprovação não seria assimilada pela sociedade.
Faça-se justiça. Não se esperava que o senador Garibaldi Alves, quando eleito presidente da Casa, fizesse grande coisa para recuperar o prestígio e a dignidade do Senado, manchados durante a escandalosa gestão do senador Renan Calheiros. Mas é o contrário que se vê. Com atitudes firmes, o senador Garibaldi Alves tem se revelado um defensor intransigente da imagem da instituição que preside e um interlocutor sereno e altivo nas relações com os outros Poderes da República.
No caso do “trem da alegria”, sabia ele que a contratação, sem concurso público, seria apenas parte da indecência, pois cada senador já dispõe de 12 cargos de livre indicação - sendo 5 assessores técnico-legislativos, 6 secretários parlamentares e 1 motorista -, fora 9 funcionários de carreira, concursados. E decerto não ignorava que as novas contratações serviriam apenas para facilitar a colocação de cabos eleitorais nos Estados, desobrigados até de quaisquer funções na sede do Senado.
Nestes tempos de desfaçatez desenfreada, registre-se que esse abortado “trem da alegria” não tinha paternidade. Nenhum líder partidário e nenhum dos 11 integrantes da Mesa Diretora do Senado assumiu a responsabilidade da proposição. É verdade que houve um senador - apenas um - que tentou justificá-la, por coincidência o líder do governo, Romero Jucá. Mas atente-se para o argumento do senador: “Se a Câmara ganhou uma estrutura maior, por que não temos direito?” Quer dizer, as contratações de pessoal para o Senado nada teriam a ver com as necessidades de serviço, mas sim com o “direito” que teriam os senadores de dar empregos públicos, em perfeita isonomia com os deputados.
Sempre é bom lembrar que, afora as tentativas de aumentar os quadros de comissionados, há tempos o Senado vem desperdiçando vultosas quantidades de recursos públicos em contratações para cargos que pouco têm que ver com suas atribuições legislativas. Para divulgar suas atividades - e manter-se em contato praticamente diário com o eleitorado - os senadores contam com um amplo e sofisticado sistema de comunicação, incluindo agência de notícias, editora de publicações, rádio e televisão - para o que têm contratado dezenas de jornalistas, redatores, locutores, produtores multimídia, diagramadores, analistas e outros profissionais. Não será por falta de assessores e de instrumentos que os senadores da República deixarão de exercer, com proficiência, o cargo de representação para o qual foram escolhidos pelo voto popular.