29/12/2007
O artigo de Rubens Lemos sobre a morte do policial Flamarion
[0] Comentários | Deixe seu comentário.O jornalista Rubens Lemos Filho está indignado com a morte do policial do BOPE, Flamarion Rodrigues.
Assassinado no bairro das Quintas no dia 25 de dezembro.
Dono de um belo texto, decidiu escrever sobre o assunto.
E o Blog publica o artigo, na íntegra.
O HUMANISMO DE SATANÁS
Rubens Lemos Filho
Teólogo e reformador francês do século 14, João Calvino foi um operador da verdade. Uma delas, comprovada esta semana em Natal. Assim escreveu Calvino: “Devemos também lembrar que Satanás tem seus milagres.” Calvino e o soldado Flamarion Rodrigues, do Bope, assassinado cruelmente na porta de sua casa sem chance de se defender , via crucis das vítimas dos covardes, nunca ouviram falar um do outro. Calvino morreu 400 anos antes de Flamarion nascer.
Estive no velório de Flamarion, nas Quintas e cheguei atrasado ao seu sepultamento. O corpo ficou numa casinha modesta, a melhor de uma vila próxima ao mercado do bairro onde vivia. Planejava ter um filho e eu o conhecia de vista. Tivesse tempo e chance de enfrentar o sicário, Flamarion talvez estivesse vivo. Conheço bem o seu batalhão.
Pela casinha de Flamarion, notava-se que era um policial honesto, aliás, a marca do BOPE. Os que derrapam, são expulsos. O BOPE não é a polícia comum, é a polícia em que se confia. E está de luto, todos os seus integrantes esperando por justiça.
Amargo e delicioso ver algumas manchetes tendenciosas insinuando o temor por “uma vingança do BOPE”. Jamais viram um bandido pela frente, tampouco estiveram diante da dor surda que a família dele sentia e sente. Morreu no Dia de Natal. E ainda temem pelo que possa acontecer com o assassino.
Nunca vi o BOPE matar um inocente, nem trocar tiros com beatas ou frades. E nem estou vendo ninguém protestar política e corretamente, pelo crime contra o policial. Cadê os Direitos Humanos? O BOPE não recebeu sequer um telegrama. A família, acho que também não. Se Flamarion houvesse vencido, haveria carreata contra a truculência policial.
Eu quero e exijo uma passeata pela morte de Flamarion. Aliás, vocês já viram alguma quando morre um policial?