29/09/2007
Ciro Gomes ganha capa - indigesta - da revista Época
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Ciro Gomes disse, em Caicó, que já estava amadurecido, capaz de enfrentar os estresses e perseguições que sofreu na campanha passada, do seu concorrente José Serra.
Vamos ver como vai reagir o amadurecido Ciro, a esta reportagem de capa publicada hoje na revista Época. Leia a reportagem, na íntegra:
O amigo-problema de Ciro
Duas semanas atrás, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, telefonou ao deputado Ciro Gomes (PSB-CE) para relatar que aplicaria uma punição a um amigo de infância de Ciro. Mantega mandara abrir um processo administrativo contra Victor Samuel Cavalcante da Ponte, diretor de administração do Banco do Nordeste. O motivo de tamanha cautela com a situação de um funcionário periférico é a forte ligação entre Ciro e Ponte. Os dois são amigos desde o tempo em que moravam em Sobral, no interior do Ceará.
Seus pais eram aliados na política regional. Ponte está no Banco do Nordeste na condição de apadrinhado político de Ciro. Nas eleições do ano passado, ele era o responsável pela arrecadação de recursos para a campanha a deputado de Ciro e de seu irmão, Cid Gomes, ao governo do Ceará. Homem de confiança de Ciro, Ponte enfrenta mais que o processo administrativo do Banco do Nordeste. É investigado também pela Controladoria-Geral da União e pela Polícia Federal por suspeita de fraude no Banco do Nordeste.
Victor Ponte é acusado de assinar, de maneira irregular, um acordo que reduziu – de R$ 65 milhões para R$ 6,6 milhões – uma dívida da empresa Frutas do Nordeste do Brasil S.A. (Frutan) com o Banco do Nordeste. Ele assinou sozinho o acordo, mas, como diretor-administrativo, não tinha competência funcional para isso. A redução da dívida desobedeceu a uma proibição expressa da Advocacia-Geral da União (AGU).
Em junho do ano passado, no mesmo período em que Ponte autorizou a redução da dívida da Frutan, Ciro mandou a empresários do Ceará uma carta com o seguinte conteúdo: “Apresento-lhe meu amigo Victor Samuel, que lhe falará em meu nome, de Cid Gomes e de nosso partido político, o PSB, acerca de uma contribuição para a campanha que o partido desenvolverá nas eleições próximas, de outubro do corrente ano”.
“Ele é meu amigo de cem anos”, disse Ciro no ano passado, quando sua carta veio a público. Casado, 50 anos, um filho, Ponte foi subsecretário de Indústria e Comércio do Ceará no governo Ciro Gomes e sempre trabalhou nas campanhas do amigo.
As denúncias contra Ponte aparecem como um incômodo justamente num momento em que tudo vinha dando certo na carreira política de Ciro. As pesquisas de opinião pública mostram que, entre os possíveis candidatos governistas à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva, ele é quem tem as melhores chances.
O próprio Lula mencionou o nome de Ciro no último Congresso do PT, como um possível candidato da esquerda. Além de ser um dos preferidos de Lula, Ciro já tem o apoio de um bloco formado por seis partidos de esquerda. Para um político que vive hostilizando as “elites” e as “oligarquias”, a ligação com Victor Ponte e as irregularidades do Banco do Nordeste representam um abalo em seu discurso político.